Na última segunda-feira (31), o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade completaria 109 anos de nascimento na pequena Itabira, “cidade do ferro” distante 104 quilômetros de Belo Horizonte e onde teve origem a Companhia Vale do Rio Doce. A obra de Drummond dispensa apresentações, embora mereça cada elogio. Antevéspera do feriado de Finados, celebrado hoje (quarta, 2), a segunda-feira foi escolhida pelo deputado Chico Alencar (Psol-RJ) para um “discurso em verso” em homenagem a Drummond, no plenário da Câmara. O poeta certamente se sentiria lisonjeado, mas o esvaziamento da Casa em uma semana fadada à improdutividade impediu a homenagem de Chico como fora planejada. “Eu falaria uns dez minutos”, disse o deputado à reportagem, resignado depois de fazer rápida menção ao poeta.
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Se os deputados deixaram de assistir à homenagem pretendida por Chico Alencar, o mesmo não acontecerá com os leitores do Congresso em Foco. O site sugeriu ao deputado que fizesse sua homenagem, não no plenário, mas para um vídeo. Eis, então, o discurso em versos em homenagem a Drummond.
“31 de outubro de 2011. Há 109 anos nascia Carlos Drummond de Andrade, nosso poeta maior. E nada mais justo que a Câmara dos Deputados ouvir o que esse poeta tem a nos dizer. Até porque ele afirmou: ‘o tempo é a minha matéria; do tempo presente, os homens presentes, a vida presente’”, declamou Chico para as lentes deste site, com menção ao poema “Mãos dadas”, constante da obra Sentimento do mundo, em seguida lembrada pelo deputado.
“Ele nos inspira ao dizer que tem apenas duas mãos e o sentimento do mundo. Ele lembra a nós parlamentares que lutar com a palavra é a luta mais vã – entretanto lutamos mal rompe a manhã”, acrescentou Chico, com mais referências a Drummond e entusiasmado em saber que sua homenagem, embora em versão reduzida, de qualquer forma chegaria ao público.
Confira a homenagem a Drummond:
No segundo vídeo, Chico faz um desabafo: a sessão não deliberativa daquela tarde poderia permanecer em funcionamento por mais alguns minutos, necessários para a fala de homenagem, mas os cerca de dez deputados que lá estavam não manifestaram qualquer propensão poética – a Câmara costuma transcorrer sem votações os dias contíguos a feriados. E, por volta das 18h de um dia útil, 252 deputados haviam registrado presença no painel eletrônico do plenário. Faltavam cinco deputados para que fosse alcançado o número mínimo para a votação de determinado projeto constante da pauta, e consensual entre as lideranças partidárias. “Já, já vai dar quorum”, resignou-se o deputado, diante do crescente registro de “presenças” – feitas por meio digital, elas podem ser registradas dos auditórios das comissões temáticas, que têm sistema eletrônico integrado ao plenário.
Assista agora ao vídeo-desabafo em que o deputado critica o esvaziamento da Câmara, a dois dias do feriado:
E, finalmente, assista à nossa homenagem para Carlos Drummond de Andrade, no vídeo abaixo sobre o grande poeta mineiro: