Internado no hospital Albert Einstein há quase duas semanas, o presidente Jair Bolsonaro divulgou vídeo neste domingo (10) por meio do qual agradece à equipe médica que retirou sua bolsa de colostomia, em 28 de janeiro. Na gravação, de pouco mais de um minuto (veja abaixo), o ex-deputado faz referência ao Sistema Único de Saúde (SUS) e diz que o programa assistencial “pode melhorar, e muito”.
“Sabemos que pouca gente pode ter um tratamento como esse [o do hospital israelita, um dos mais caros do país]” admitiu Bolsonaro. “Mas temos plena consciência de que o nosso SUS pode melhorar, e muito. Tudo faremos para que isso se torne uma realidade”, prometeu o presidente, que ainda se recupera da facada sofrida em Juiz de Fora (MG) em 6 de setembro, a um mês das eleições.
No vídeo, o presidente diz também esperar que a Polícia Federal leve a público, nas próximas semanas, uma “solução” para o atentado sofrido durante a campanha eleitoral.
Veja:
Um bom domingo a todos! 🇧🇷👍🏻 pic.twitter.com/3AO6csbeIb
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— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 10 de fevereiro de 2019
A ineficiência da saúde pública brasileira é um dos principais problemas nacionais e, a cada campanha eleitoral, reacende o debate sobre o modelo atual de assistência. Um exemplo dessa deficiência está expresso no próprio procedimento médico que salvou Bolsonaro, como o Congresso em Foco mostrou com exclusividade poucos dias após o atentado em Juiz de Fora. E, a propósito, trata-se de um serviço bancado pelo SUS.
Assinada pelo jornalista Matheus Andrade, o procedimento que salvou a vida de Bolsonaro na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, para onde o então candidato foi levado emergencialmente, não recebe atualização em seus repasses há mais de dez anos. Outras operações realizadas pela instituição aumentaram seu valor de restituição, mas em números bem abaixo da inflação. O assunto ganhou alguma repercussão após o atentado, mas poucas propostas práticas surgiram desde então.
O último contrato disponível da Santa Casa de Misericórdia com a Prefeitura de Juiz de Fora, estabelecido em outubro de 2017, prevê o repasse de R$ 46.690.328,16 anuais para a instituição. Dentro deste valor, enquadra-se cerca de 14 milhões de reais nos chamados procedimentos de “alta complexidade hospitalar”, como o caso de Jair Bolsonaro. Os valores individuais por procedimento são previstos pelo DataSUS, e para a principal cirurgia realizada no candidato são estabelecidos R$ 367,06 pela operação, a serem divididos pelos responsáveis, e R$1.090,80 para a Santa Casa de Misericórdia. Em 2017, 72% dos serviços prestados pela instituição atenderam ao SUS.
> Serviço emergencial que salvou Bolsonaro está sem repasse há mais de 10 anos