Após toda repercussão negativa da agressão do colunista Augusto Nunes contra o jornalista Glenn Grenwald, na rádio Jovem Pan, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiu um comunicado de repúdio, em especial, ao apoio que políticos da ala bolsonarista do PSL, dentre eles o filho do presidente da República, deram ao ato.
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O deputado e líder do PSL na Câmara, Eduardo Bolsonaro (SP), classificou como “legítima defesa da honra” a agressão física que Nunes cometeu por ter sido chamado de covarde. Para o filho de Jair Bolsonaro, por ter sido chamado de covarde, Nunes ficou sem outra opção, a não ser agredir o jornalista.
Fato que Augusto Nunes reagiu em legítima defesa de sua honra. Ninguém é obrigado a ser violentado a todo momento com distorções de suas falas, ser xingado na cara e aceitar. @augustosnunes não teve opção. Reagiu como qualquer pessoa normal com sangue mas veias poderia reagir.
Publicidade— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) November 7, 2019
A bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) compartilhou o vídeo da agressão acompanhado de uma hashtag em que dizia que o Augusto Nunes a representa.
No @programapanico da Jovem Pan , Augusto Nunes é chamado de covarde por Glenn e revida. Assista ate o final. #AugustoNunesMeRepresenta #SomosTodosAugustoNunes pic.twitter.com/ZfZoP6CHfL
— Bia Kicis (@Biakicis) November 7, 2019
O deputado Filipe Barros (PSL-PR) compartilhou uma publicação em que afirma que o único erro do jornalista que agrediu um colega de profissão ao vivo em rede nacional, foi “bater de mão aberta”.
No @programapanico da Jovem Pan , Augusto Nunes é chamado de covarde por Glenn e revida. Assista ate o final. #AugustoNunesMeRepresenta #SomosTodosAugustoNunes pic.twitter.com/ZfZoP6CHfL
— Bia Kicis (@Biakicis) November 7, 2019
Nota da Abraji
A agressão física de Augusto Nunes contra Glenn Greenwald, após uma discussão acalorada, deu início a uma onda de ataques à imprensa, na internet, como poucas vezes vimos nos últimos anos no Brasil.
A cena de violência, difundida exponencialmente nas redes sociais nesta quinta-feira, 7.nov.2019, passou a ser usada a seguir como exemplo de comportamento a ser adotado pelos descontentes com a imprensa em geral – a despeito do episódio em si envolver desavenças e comentários de cunho pessoal entre Nunes e Greenwald.
Como em outras ocasiões, membros do governo e pessoas influentes no poder difundiram mensagens de incitação direta à violência, como no caso de Olavo de Carvalho, ou de aprovação velada, como no caso de um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro.
A Abraji emite notas sobre ameaças a jornalistas no exercício da profissão. O debate ocorrido na emissora não corresponde a esse parâmetro. Entretanto, a onda de reações que se seguiu ao episódio dispara um alerta que não pode ser ignorado a respeito do estágio que a hostilidade aos jornalistas e aos veículos de imprensa atingiu no Brasil. Quem atiça esse clima de hostilidade tem intenção de calar vozes críticas e sufocar a liberdade de expressão – sem ela, as outras liberdades também morrerão.
Diretoria da Abraji, 7 de novembro de 2019.
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