O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, afirmou em coletiva à imprensa nesta terça-feira (12) que não é possível afirmar ainda se a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foi encomendada.
“Se ele resolveu da cabela dele, é uma hipótese. Se recebeu para fazê-lo, é uma hipótese. A polícia não sabe se tem um mandante. A segunda fase está em andamento. Não temos essa resposta hoje”, disse.
Giniton se refere ao PM reformado Ronnie Lessa, uma das pessoas presas no início desta manhã, durante a Operação Lume, acusadas de envolvimento no crime. Conforme as investigações, ele é o autor dos disparos que mataram a vereadora. Também foi detido o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, condutor do carro onde eles estariam no momento do crime.
Ronnie foi preso por volta das 4h da manhã saindo de seu condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, o mesmo onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa. “O fato de morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa não, não tem relação direta com a família Bolsonaro. Não detectamos isso”, frisou o delegado.
Segundo Giniton Lages, o que se pode afirmar no momento é que houve uma detalhada pesquisa sobre a vereadora, a arma utilizada, silenciadores ao longo de meses.
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“No pré-crime, ele [Ronnie] deixou vestígios. Descobrimos que alguns dias antes, ele pesquisou a rua onde a Marielle morava. Temos a definição técnica de uma arma empregada, e também a consulta desse armamento. Ele também fez consulta de silenciadores”, destacou o delegado de Homicídios do Rio.
Lages destacou ainda o perfil do policial reformado acusado de efetuar os tiros que mataram Marielle e Anderson: “É alguém com obsessão para determinadas personalidades que militam a esquerda política. Você percebe ódio, desejo de morte, um comportamento de alguém capaz de resolver essas divergências como resolveu”.
Porém, ele se negou a classificar o crime como “crime de ódio”, limitando-se a dizer que houve dois homicídios por motivo torpe, além de uma tentativa de homicídio, referindo-se à assessora da vereadora, Fernanda Chaves, que também estava no carro no momento do crime, mas não foi atingida pelos disparos.
O governador do Rio de janeiro, Wilson Witzel, também presente à coletiva, destacou que uma das possibilidades com as quais a polícia conta é uma delação premiada dos presos na Operação Lume. “Esses que foram presos hoje poderão fazer uma delação premiada”
Essa semana faz um ano da morte de Marielle e Anderson. O delegado Giniton Lages afirmou que o nome da Operação, Lume, faz referência a “luz”, e foi escolhido como uma homenagem à vereadora e ao que ela representa. “Descobrimos que a Marielle fazia parte de um encontro no buraco do lume, cairia bem como homenagem a ela”.
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