Um estudo realizado pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, apontou que a maior parte dos sites que publicam notícias falsas sobre covid-19 é financiada por anúncios do Google.
De acordo com a publicação, as principais fontes de desinformação têm boas métricas de SEO e são otimizadas para aparecerem nas buscas e mídias sociais. Os sites de notícias falsas usam em suas matérias links de portais confiáveis e de prestígio para alcançarem melhores posições nos mecanismos de busca. Além disso, diz a pesquisa, “a esmagadora maioria das notícias inúteis e de desinformação contam com as principais plataformas de publicidade para monetizar suas página. 61% das notícias inúteis e fontes de desinformação usaram anúncios do Google”. (leia completo aqui).
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A pesquisa checou 830 fontes sobre a covid-19, entre abril e maio de 2020. A universidade analisou as principais métricas de otimização de mecanismo de pesquisa, como forma de avaliar a reputação dos sites e sua dependência de publicidade digital.
“A maioria dos domínios em nossa amostra foram retiradas do diretório existente do Oxford Internet Institute de domínios que foram compartilhados durante a eleição dos EUA de 2016, a eleição intermediária dos EUA de 2018 e a eleição da União Europeia de 2019. Desses 830 domínios ativos, todos tinham publicado sobre coronavírus recentemente, em abril de 2020. Uma parte do conteúdo foi classificada como relacionada a covid-19 quando fazia referência ao termo “secreto” ou “vírus corona” no título ou no texto.
Entre os veículos jornalísticos analisados estão Reuters, New York Times, The Guardian, CNN, La Reppublica e Fox News. Outros portais, como RT, SputnikNews, Alternet, Breitbart e ZeroHedge, foram considerados fontes de desinformação.
Segundo o estudo, em janeiro de 2020 o Twitter proibiu as “finanças conspiratórias” e o site ZeroHedge por violar suas regras contra abuso e assédio depois de publicar um artigo alegando que um cientista chinês estava envolvido na engenharia do coronavírus como uma arma biológica. Apesar dessa proibição, o artigo permaneceu online e está acessível por meio de outras plataformas Sem restrições. Em 24 de maio de 2020, o artigo de notícias inúteis era indexado no Google, aparecendo no topo dos resultados de pesquisa para “Arma biológica de coronavírus”.
PublicidadeO Google emitiu uma nota em que afirma que tem políticas “rígidas para impedir que páginas com conteúdos prejudiciais, perigosos ou fraudulentos gerem receita por meio da nossa plataforma de anúncios”.
O estudo aponta ainda que em todo o mundo, teorias da conspiração e ciência de notícias inúteis sobre covid-19, sua origem, disseminação e tratamento estão ganhando força entre os meios de comunicação alternativos, personalidades extremistas da internet e figuras políticas populistas, e cada vez mais também entre uma ampla aliança de cidadãos e atores políticos convencionais.
“Muitos dos sites da nossa amostra foram sinalizados por pesquisadores e fact-checkers por apresentarem teorias da conspiração e falsidades, inclusive em relação à covid-19. No entanto, esses sites continuam gerando receita com publicidade”, revela o estudo.
A gigante de tecnologia diz que está comprometida em “elevar o conteúdo de qualidade entre os produtos do Google e isso inclui proteger as pessoas de informações falsas sobre saúde”. A empresa também afirma que recentemente, atualizou sua política para proibir a monetização de conteúdos “que contrariem o consenso científico em meio a crises de saúde. Quando uma página ou site viola nossas políticas, tomamos medidas imediatas e removemos sua capacidade de gerar receita. Somente em 2019, conforme nosso mais recente relatório de transparência, encerramos mais de 1,2 milhão de contas de publishers e retiramos anúncios de mais de 21 milhões de página por violação de políticas.”