Matheus Andrade, de Juiz de Fora,
Especial para o Congresso em Foco
Os apelos por moderação após o atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), na última quinta-feira (6), não evitaram que denúncias sobre ameaças no plano virtual, ou mesmo pessoalmente, se alastrassem por Juiz de Fora, local da agressão ao deputado. Pelo menos duas pessoas relataram à Polícia Federal ofensas recebidas em redes sociais depois do episódio. Na última terça-feira (11), apoiadores de Bolsonaro afirmaram ter sofrido ameaça à sua integridade física em frente ao local onde o candidato foi atacado na última semana.
“Vocês são ‘Bolsonaros’, vão levar facada também.” É o que Ana Paula Ribeiro, organizadora de um ato em apoio ao candidato, conta que ouviu na esquina da Rua Halfeld com a Rua Batista de Oliveira em gritos dirigidos a um grupo de apoiadores do candidato. Os manifestantes reuniam assinaturas para uma “Carta a Jair Messias Bolsonaro” no local que passou a ser nacionalmente conhecido devido ao atentado.
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A candidata a deputada federal pelo PSL Kelma Costa foi uma das organizadoras do ato, e repudiou as ameaças: “Nós estamos aqui em um ato de apoio, com uma carta dizendo que estamos orando pelo Bolsonaro, e já recebemos ameaças. É difícil essa pseudodemocracia que dizem existir no Brasil”, lamentou.
Principal polo comercial de Juiz de Fora, a Rua Halfeld tradicionalmente abriga uma série de manifestações de candidatos às vésperas de eleições. Não foi diferente na tarde dessa quarta-feira (12), quando materiais de campanha de distintas agremiações adornavam o local.
Boletim
O major Jovanio Campos, da Polícia Militar de Juiz de Fora, lembra que o correto é formalizar a comunicação sobre ameaças. “Deve ser acionada a PM para realizar um boletim de ocorrência, e nós encaminharemos para o setor responsável. Não temos como avaliar o que faz parte ou não da campanha eleitoral em um pleito como este. Temos de continuar com as ocorrências, e o pleito é apenas mais uma parte”, ponderou.
No entanto, o acirramento dos ânimos em campanhas Brasil afora, em especial após o ocorrido da última semana, levará a uma mobilização especial, com aumento do efetivo de policiais nas ruas.
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Campos diz que a ideia é “gradativamente inserir policiais militares” na medida em que a campanha for intensificada.
A Rua Halfeld é um dos pontos em que o policiamento deve receber maior reforço. No caso de futuros candidatos em campanha pela cidade – como a visita de Marina Silva (Rede), já confirmada por sua assessoria –, o major não indica mudanças na estratégia da PM: “As atividades devem ser feitas, mas garantindo a ordem da cidade. Não faremos nada especial para ela, assim como não houve para Bolsonaro”.
A responsabilidade pela segurança de candidatos em campanha é da Polícia Federal.
Ameaças nas redes
O Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Zona da Mata e Sul de Minas (Sintraf) afirma ter sido vítima de ameaças após circular por redes sociais a informação de que uma diretora da instituição estaria envolvida no atentado contra Bolsonaro. A entidade se defendeu.
“Fomos à Delegacia de Polícia Federal e Polícia Civil, apresentamos todos os prints das pessoas que realizaram as injurias, difamações, e nosso corpo jurídico agora está finalizando os trâmites para impetrarmos com as ações.”
A Agência Brasil confirma o caso de uma estudante de 18 anos que também denunciou à Polícia Federal ameaças após ser vinculada ao atentado nas redes sociais. A mãe da jovem afirmou acreditar que o caso tenha ocorrido devido ao nome comum de sua filha.
“Existem muitas pessoas com um nome parecido ao da minha filha. De repente, ela começou a ver sua foto divulgada nas redes sociais. Divulgaram inclusive o número do telefone dela. Passaram a telefonar dizendo que vão encontrá-la; que vão matá-la; que ela deve ser presa.”
Um vídeo com ampla circulação nas redes sociais espalha a falsa versão de que uma mulher teria passado a faca para que Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada, pudesse dar consecução ao ataque. O material é mais um entre os que alimentam boatos.
Seguem as investigações
O juiz da 3ª Vara Federal em Juiz de Fora, Bruno Souza Savino, rejeitou o pedido da defesa de Adélio Bispo para que o cliente fosse submetido a um exame de insanidade mental. Na decisão, o juiz citou a coerência de raciocínio e a fala lúcida de Bispo na primeira audiência de custódia.
Também pesou na decisão judicial o fato de que o acusado jamais requereu, junto à Previdência Social, qualquer benefício por incapacidade. Além disso, ele tem trabalho normalmente e sem histórico de surtos paranoicos ou psicóticos.
A PF indicou que dará seguimento às investigações, sobretudo aquelas que estão focadas em Adélio Bispo de Oliveira. “Para tal, são realizadas diversas diligências policiais como a coleta de depoimentos, a análise de dados financeiros e de outros dados existentes em imagens, mídias, computadores, telefones e documentos apreendidos”, diz a corporação.
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