Com a saída de mais de 8 mil médicos cubanos do país até o fim do ano, 611 cidades correm o risco de ficar sem profissionais da saúde na rede pública já a partir do Natal, estima o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O encerramento da parceria com o governo cubano com o programa Mais Médicos deixará 10 mil vagas abertas – 8 mil deixadas pelos cubanos e outras 2 mil que já estavam abertas -, para as quais o Ministério da Saúde já anunciou que lançará edital na semana que vem para preencher.
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Segundo o ex-coordenador nacional do Mais Médicos, Felipe Proenço de Oliveira, é pouco viável que as 10 mil vagas sejam preenchidas apenas por brasileiros. Em entrevista ao Estadão, o professor do curso de medicina na Universidade Federal da Paraíba afirmou que há risco grave de desassistência pelo país. O médico foi o coordenador que ficou mais tempo à frente do programa, entre 2013 e 2016.
Proenço de Oliveira estima que cerca de 367 cidades fiquem sem nenhum médico na Saúde da Família. Segundo o jornal O Globo a estimativa do Conasems é mais pessimista. Dos 3228 municípios atendidos pelo Mais Médicos, 611 cidades podem ficar sem médicos. Mauro Junqueira, presidente do Conselho, estima que este é o número de municípios que só possuem médicos vindos de Cuba.
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Apesar do anúncio do Ministério da Saúde de que o edital para que médicos formados no Brasil ocupem as vagas seja lançado na semana que vem, Felipe Proenço de Oliveira avalia que será difícil preencher as 10 mil vagas apenas com médicos brasileiros. “Olhando o comportamento de todos os editais, não vejo como seja viável preencher as 10 mil vagas que existem com brasileiros. O que pode acontecer é preencher com brasileiros formados no exterior”, diz.
PublicidadeO médico questiona, entretanto, se o Revalida – exame para revalidação de diplomas médicos obtidos no exterior – também seria obrigatório a esses profissionais. “O tratamento tem que ser igual para todos os médicos formados no exterior. De todo modo, a substituição demora”, completa.
Mauro Junqueira, do Conasems, afirma que algumas regiões poderão ficar até três meses sem médico. “Algumas regiões possivelmente ficarão sem médico por um período entre 60 e 90 dias. Tudo vai depender da celeridade do Ministério da Saúde e do número de inscritos na primeira chamada. O Conselho Federal de Medicina afirmou que tem médicos disponíveis no Brasil, vamos torcer para que todos se inscrevam”, disse.
O Ministério da Saúde também estuda negociação com alunos formados com ajuda do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Os profissionais que fizeram parte do programa poderiam ingressar no Mais Médicos para abater parte da dívida do financiamento estudantil, mas ainda não há definição sobre como seria feito o abatimento.
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