Um deputado estadual bolsonarista de Goiás que se recusou a receber dose da Coronavac foi mandado para o fim da fila de vacinação em Goiânia, conforme determina decreto municipal da capital goiana. Humberto Teófilo (PSL) recorreu à Justiça para tomar imunizante de sua preferência, mas teve seu pedido rejeitado pela juíza Marina Cardoso Buchdid, da 2ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de Registros Públicos de Goiânia.
Teófilo queria que a Justiça suspendesse o efeito do decreto municipal que coloca no fim da fila de vacinação pessoas que se recusaram a tomar vacina contra a covid-19 em razão do laboratório que a produziu.
Delegado de polícia eleito na onda bolsonarista, o deputado estadual publicou vídeo em suas redes sociais na semana passada que mostra o momento em que ele se nega a receber a dose do imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. A Coronavac é alvo de ataques de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro por questões políticas. A vacina foi produzida por uma indústria da China em parceria com o governo de João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonaro.
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O deputado disse ao jornal O Popular que vai recorrer da decisão por entender que o decreto municipal fere seu direito de se vacinar. Afirmou, ainda, que se não tiver sucesso, vai procurar outra cidade para se imunizar.
No vídeo publicado em seu Instagram no último dia 29, Humberto Teófilo registra sua ida ao posto de saúde. Ele diz que não vai tomar a Coronavac ao tomar conhecimento do imunizante disponível na unidade. “Com essa eu não vacino”, diz. A atendente pede a ele que assine um termo de desistência por recusar a vacina. Com isso, ele foi remetido para o fim da fila de vacinação. “Esse decreto do prefeito Rogério Cruz é um absurdo”, protestou. “Nos obrigar sem dar outra opção, isso não é um Estado de Direito que estamos vivendo”, reclamou. Ele alega que a vacina produzida pelo Butantan tem eficácia menor do que as concorrentes.
Apesar dos ataques disparados pelos apoiadores do presidente, a Coronavac é considerada eficiente pelas autoridades sanitárias no combate à covid-19, que descartam haver risco com a vacinação. A eficácia geral do imunizante apontada por estudos de fase 3 é de 50,28%. Esse número representa a efetividade do fármaco para prevenir o contágio. Já sobre casos graves, estudos avançados apontam para eficácia de 95% a 100%. Para prevenir casos leves, 78%.
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A Prefeitura de Goiânia publicou no último dia 15 decreto municipal que estabelece normas sobre a recusa de vacinas contra a covid-19. A principal medida é mandar para o fim da fila quem não aceitar a receber o imunizante que estiver nos postos de vacinação da capital goiana.
“O nosso objetivo é inibir a prática dos chamados ‘sommeliers de vacina’, que são os querem escolher a marca do imunizante a ser aplicado contra a Covid-19”, explica o secretário de Saúde, Durval Pedroso, acrescentando que nos dois dias que a pasta realizou drive-thru no shopping Passeio das Águas, 361 pessoas recusaram a vacina disponível em virtude do laboratório fabricante. “Essas pessoas pegaram a fila, receberam a senha e não aceitaram se vacinar”, conta.
De acordo com o documento, “aqueles que comparecerem aos locais de vacinação contra a covid-19 e optarem por não receber a aplicação do imunizante que esteja sendo ofertado estarão condicionados, automaticamente, a aguardar o cumprimento de todo o calendário do Plano Nacional de Imunização (PNI) e a finalização de todos os grupos etários para que seu nome seja aceito em nova triagem e, consequentemente, sejam vacinados”.
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