Entre abril de 2020 e abril deste ano, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) indicou que 81.084.412 unidades de Ivermectina foram vendidas no país. Isso representa um aumento de 857% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior, quando apenas 8.469.664 de unidades tinham sido comercializadas. Esse crescimento na procura pelo antiparasitário, usado no tratamento de piolhos, ocorreu em grande parte pela propaganda do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores que têm defendido o uso da droga para”tratamento precoce” contra a covid-19.
Os dados, apresentados pelo Conselho à CPI da Covid, indicam aumentos expressivos também em outros remédios que integram o coquetel propagado por Bolsonaro e ineficazes contra a doença.
A hidroxicloroquina, por exemplo, viu as vendas aumentarem em 126%, passando de 1.122.691 para 2.540.232 unidades comercializadas no mesmo espaço de tempo. A Azitromicina, por outro lado, subiu 71%, isto é, de 24.510.538 para 41.838.384 unidades vendidas. Já a venda de vitamina D cresceu de 20 para 40 milhões, acumulando um salto de 100% em um ano de pandemia.
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O CFF reconhece que os números são estimados, sendo necessários dados de terceiros para precisar a quantidade exata de comprimidos vendidos. Mas a tendência de alta indicada pela instituição bate com as manifestações entregues pelas farmacêuticas que produzem alguns destes medicamentos. Em certos casos, a quantidade produzida aumentou em 1.200%.
A CPI da Covid determinou a retirada do sigilo de documentos enviados pelas empresas Apsen, Sanofi e Vitamedic. A Apsen, que produz a hidroxicloroquina sob o nome de Reuquinol, viu sua produção aumentar em 30,7% no ano passado, quando produziu 57 milhões de unidades. Até maio deste ano, 28 milhões de comprimidos já haviam sido produzidos pela farmacêutica, quase o total feito em 2016 (32,3 milhões).
A Sanofi, que comercializa a hidroxicloroquina pelo nome de “Plaquinol”, fez 33,2 mil unidades em 2019 e 149,9 mil unidades em 2020. O aumento da produção de um modelo de azitromicina chegou a mais do que dobrar e alcançou as duas milhões de unidades vendidas.
As vendas de ivermectina declaradas pela Vitamedic são ainda mais impressionantes que as informações do CFF: a empresa, que fez 3,5 milhões de caixas em 2019, vendeu 76,8 milhões de caixas este ano – um aumento de 1471% em um ano. Só nos cinco primeiros meses deste ano, a empresa declarou já ter faturado 41,5 milhões de caixas do genérico.
Alguns documentos, como as das farmacêuticas Abbott, Sanoz, Supera Farma, Teuto, Farmoquímica e a Pratti Donaduzzi&Cia, estão sob sigilo por conta de cláusulas empresariais e industriais. Já empresas como a Antibióticos do Brasil e a Beker (que produzem a Azitromicina) responderam sem, no entanto, citarem quantos comprimidos foram feitos.
A Galderma respondeu que não produz nenhum medicamento do chamado “kit covid”. Outras quatro farmacêuticas (Germed, Nova Química, EMS e Legrand) pediram mais prazo para responder aos senadores.
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