Quem gosta de assistir futebol para esquecer dos problemas do país, pode se deparar com uma situação diferenciada: O time do Bahia, em manifestação contra a demora para conter o óleo que está poluindo as praias do nordeste há mais de 50 dias, vai entrar em campo com a camisa manchada de preto na próxima segunda-feira (21).
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Em manifesto publicado no site do clube [leia ele completo no final da matéria], o time faz as seguintes perguntas: “Quem derramou esse óleo? Quem será punido por tamanha irresponsabilidade? Será que esse assunto vai ficar esquecido?”, indaga o clube baiano.
Segundo o manifesto, essa é a maneira que o clube encontrou de representar a justiça. “É a forma como representamos o amor, o apego, o chamego, o sagrado, a justiça. O Bahia é a união de um povo que vibra na mesma direção, que respira o mesmo ar e que depende da mesma natureza para existir, para sobreviver”, diz o comunicado.
O jogo do Bahia contra o Ceará está marcado para esta segunda-feira, às 19h30, no estádio de Pituaçu, em Salvador.
Briga do governo Bolsonaro com o nordeste
PublicidadeAs desavenças do governo Bolsonaro com os estados do nordeste vão muito além do esporte. No último sábado (19) o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticou o governo baiano de Rui Costa (PT) no Twitter. A crítica aconteceu poucos dias após o presidente da República, Jair Bolsonaro, criticar o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Em julho, o presidente já havia protagonizado uma intensa crise com os governos do Nordeste por chamar todos de “paraíba”.
Diante do derramamento de óleo que tem atingido as praias nordestinas há mais de um mês, o governador da Bahia fez uma publicação sobre o assunto em sua conta do Twitter. “Já foram removidos mais de 155 toneladas deste material, entretanto precisamos de um posicionamento e de resoluções do Governo Federal, através da Marinha e do IBAMA, que são os responsáveis pelo cuidado com o oceano, mas continuam em silêncio”, diz a postagem.
O ministro do Meio Ambiente contra-atacou, mesmo sem apresentar números, Salles afirmou que esteve por um dia na Bahia e não encontrou agentes estaduais. “Estive pessoalmente na Bahia anteontem, percorri de Salvador a Praia do Forte. Eu vi centenas de fuzileiros navais, agentes do IBAMA, equipes municipais, mas não vi ninguém do Governo Estadual”, disse o ministro em publicação no Twitter.
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O problema é seu. O problema é nosso.
Quem derramou esse óleo? Quem será punido por tamanha irresponsabilidade? Será que esse assunto vai ficar esquecido?
O Bahia é você, somos nós, cada ser humano.
É a forma como representamos o amor, o apego, o chamego, o sagrado, a justiça. O Bahia é a união de um povo que vibra na mesma direção, que respira o mesmo ar e que depende da mesma natureza para existir, para sobreviver.
Jogaremos nesta segunda-feira (21), contra o Ceará, em Pituaçu, com a camisa do Esquadrão manchada de óleo.
Um convite à reflexão: o que faz um ser humano atacar e destruir espaços sagrados? O lucro a qualquer custo pode ser capaz de destruir a ética e as leis que regem e viabilizam a humanidade?
A barbárie deve ser tratada como tal, não como algo natural.
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