O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é aguardado na Câmara, nesta quarta-feira (4), para prestar esclarecimentos sobre o crescimento do desmatamento no Brasil. O requerimento foi apresentado pelo deputado Chico D’Angelo (PDT-RJ), no dia 10 de julho, no momento em que se acreditava que o auge da crise ambiental do governo seria devido ao desmatamento, antes de se iniciarem as queimadas em alta escala na Amazônia brasileira.
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A convocação, convertida em convite, foi aprovada pelos integrantes da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), no último dia 14, por unanimidade. O requerimento relembra uma matéria do Estadão, que demonstra que “o desmatamento registrado na soma dos últimos nove meses – de agosto de 2018 a abril de 2019 – foi de 8.200 hectares, o que evidencia que o número registrado em apenas 15 dias de maio é mais do que preocupante”.
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Especialistas apontam que o desmatamento é uma possível causa dos incêndios que tiveram aumento preocupante neste ano. Segundo dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia teve 46.825 queimadas até agosto deste ano. Esse foi o maior número de queimadas registradas desde 2010, quando foram registradas 58.476.
Para Chico D’Angelo, o que tem acontecido com o meio ambiente no Brasil pode trazer prejuízos inclusive financeiros para o país. “O acordo econômico União Europeia-Mercosul é um protocolo de intenções, e que só se viabilizará se o governo brasileiro apresentar resultados que mostrem que o desmatamento e as queimadas de fato pararam”, afirmou o deputado ao Congresso em Foco.
A falta de mea culpa do ministro Ricardo Salles e sua insistência em responsabilizar outros governos também tem causado desconforto entre os parlamentares ambientalistas. “O governo Bolsonaro já está aí há oito meses, tempo suficiente para apresentar proposta de política efetiva sustentável, de curto, médio e longo prazos, que minimizem este cenário devastador e ao mesmo tempo constrangedor, que tantos prejuízos estão causando à imagem do Brasil no exterior”, disse o pedetista.
PublicidadePara o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, Nilto Tatto (PT-SP), Ricardo Salles “é um irresponsável” e ignora os questionamentos dos parlamentares sobre a gestão ambiental no país. “Ele usa de subterfúgio a acusação para os outros”, declarou o deputado.
Integrantes da Comissão de Meio Ambiente ouvidos pela reportagem, mas que não quiseram ser identificados, afirmam que o ministro pode não comparecer à sessão. O ministro teria tentado cancelar sua ida ainda nesta semana, mas os deputados alertam que caso ele faça isso, será apresentado um requerimento de convocação para uma data mais próxima possível.
Até o momento esse compromisso não consta da agenda oficial do ministro. O Congresso em Foco entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente, via assessoria de imprensa, questionando se o ministro comparecerá ou não à audiência pública, mas até o momento desta publicação não houve resposta.
O requerimento que solicitou a presença do ministro originalmente previa a convocação de Salles, ou seja, ele seria obrigado a comparecer ao compromisso, caso contrário, poderia ser enquadrado na Lei de Responsabilidade e, com isso, ser afastado definitivamente no cargo. Mas, por um pedido da sua assessoria, o requerimento foi mudado para convite para encaixar em um dia em que o ministro poderia comparecer.
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