O governo federal deve alterar, em breve, a maneira como reporta incêndios no Brasil. Tanto o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) quanto o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) deixarão de emitir alertas de incêndio em nome do governo federal. A medição ficará a cargo exclusivo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao Ministério da Agricultura.
A notícia foi dada durante uma live do Ministério da Agricultura para apresentar um projeto de mitigação de incêndios nas áreas florestais, envolvendo os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “A gente já fechou hoje, pela manhã, que não haverá mais emissão do Inpe ou do Censipam sobre incêndios, que será do Sistema Nacional de Meteorologia todos os relatórios do governo federal”, disse Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, que dirige o Inmet.
Segundo Miguel Ivan, a nova estrutura resolveria o problema de pulverização e dissonância nos dados sobre incêndio no país. Ivan definiu isso como uma questão que o país experimenta “há mais de 40 anos e que nunca foi tratado.”
Isso tirará do país alguns dos medidores de focos de fogo em biomas como a Amazônia e o Pantanal. O Inpe, subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações, coordena o “Programa Queimadas”, que diariamente atualiza dados sobre possíveis focos de incêndio nos seis biomas brasileiros (a Amazônia registrou 111 deles, apenas neste domingo (11), de acordo com a plataforma); o Censipam, ligado ao Ministério da Defesa, foi criado em 2003 e une sistemas integrados de sensoriamento remoto, radares, estações meteorológicas e plataformas de coleta de dados para uma análise quase em tempo real.
A mudança segue o caminho de um novo desenho do Sistema Nacional de Meteorologia (SNM). Em maio, o Inmet passou a emitir alertas de previsão do tempo e de alertas meteorológicos para todo o país – obrigação que agora é exclusiva do Inmet. Ao anunciar a decisão, o Ministério da Agricultura salientou que o objetivo é “eliminar sobreposições de atividades, gerando assim uma cadeia de processos, produtos e dados interligados e complementares”, e que haverá um mapa interativo e público com tais informações.
PublicidadeA ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que a ferramenta já está no ar, e novos aprimoramentos serão feitos. “É importante ter todas estas ferramentas em conjunto para que estas informações cheguem de maneira correta onde tem de ser buscadas”, disse a ministra. “Eu acredito muito nas parcerias e nesta trocas, e tenho certeza que, unindo forças, a gente vai longe.”
O Congresso em Foco buscou o Ministério da Agricultura, da Defesa e da Ciência e Tecnologia, assim como o Inmet, o Censipam e o Inpe, para entender como tais mudanças devem ocorrer, e quando isso passará a valer para os alertas de incêndio. Até o momento, não obtivemos resposta.
> Proposta bolsonarista dá poder de fiscalização ambiental a militares
> Entidades cobram do TCU análise de ações do governo Bolsonaro na Amazônia