O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu o uso de fogo de maneira preventiva como forma de diminuir os incêndios no Pantanal mato-grossense, afetado por incêndios históricos em 2020. Assim como a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, Salles também defendeu que reconhecer a criação de gado no bioma poderia auxiliar no combate às queimadas.
Ao comentar as ações do governo federal no combate às queimadas, Salles ressaltou por duas vezes que a União é responsável por apenas 6% da área total do bioma, ou 925 mil hectares de uma área que supera os 14 milhões de hectares. O fogo, apesar disso, já afetou 4 milhões de hectares, ou 26% da área total do Pantanal, segundo a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
A senadora propôs ao ministro que, durante um prazo excepcional de quatro anos, as medidas de combate a incêndios no Pantanal fossem tratadas pelo Conselho da Amazônia, comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Salles defendeu que o Conselho tem medidas distintas ao que ocorre no Pantanal, mais voltadas ao desenvolvimento humano no norte do país.
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Questionado sobre o uso de novas tecnologias para o combate às chamas, o ministro defendeu o uso de retardantes de incêndio – que, segundo especialistas, poderiam inutilizar corpos d’água. “O estado do Mato Grosso começou a utilizar, nós no governo federal já utilizamos, e utilizamos na Chapada dos Veadeiros com sucesso. E é uma questão que precisa ser encarado de frente. Essa visão de que emprego de tecnologia não é salutar é equivocada”, disse.
O titular do meio ambiente no governo Bolsonaro também rebateu críticas do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que chamou a gestão atual de “um desmonte inimaginável”, passível de crime de responsabilidade por ação ou omissão.
“Não há desmonte – nós recebemos este desmonte”, respondeu Salles, que continuou: “O desmonte foi feito antes de nós. Recebemos Ibama e ICMBio com 50% dos seus quadros de pessoal faltando, orçamentos deficitários, e problemas graves de infraestrutura. Em meio a esse caos que o governo herdou de gestões passados, não só de gestão mas econômico, estamos tentando arrumar a casa com os recursos que nós temos.”
Salles fala na manhã desta terça-feira (13) aos senadores membros da Comissão Temporária Externa que acompanha as ações contra as queimadas no Pantanal.
Ricardo Salles – cuja gestão ambiental é criticada por diversos setores da sociedade brasileira e também por atores internacionais – deverá explicar as ações que a pasta tem tomado para combater o fogo – que já queimou um quarto de todo o bioma pantaneiro. O ministro também deve explicar os grandes cortes de orçamento em áreas estratégicas, como o combate a incêndios florestais em áreas de conservação federal.
Dados do INPE atualizados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que o Pantanal teve, desde o início do mês, 2194 focos de incêndio – 154 a mais que ontem. O P`antanal já registrou mais focos de incêndio, esse ano (20.453), que em todo o ano de 2019 (10.025). Já a Amazônia e o Cerrado queimaram, em 11 dias deste mês, mais que todo o mês de outubro do ano passado.
Assista a audiência com Ricardo Salles ao vivo, no link abaixo:
> Conama libera queima de resíduos de agrotóxicos em fornos de cimento
> Governo autoriza emprego da Força Nacional no Pantanal sul-matogrossense