Em mensagem postada no Twitter neste domingo (2), o procurador da República e integrante da Lava Jato em Curitiba Roberson Pozzobon disse que o desenho institucional do Ministério Público (MP) na Constituição de 1988 está sob ameaça.
O belo desenho institucional do Ministério Público na Constituição de 1988 está sob ameaça de ser grosseiramente rasurado.
No final do processo, a depender de alguns dos desenhistas da vez, o Ministério Público não seria nem mesmo reconhecido.
Passaria DESPERCEBIDO.
— Roberson Pozzobon (@RHPozzobon) August 2, 2020
“No final do processo, a depender de alguns dos desenhistas da vez, o Ministério Público não seria nem mesmo reconhecido. Passaria DESPERCEBIDO”, continuou ele. “Pois saibam, desenhistas oportunistas, não há tinta no mundo que faça com que as palavras dependência, inércia, silêncio ou medo rimem ou combinem com Ministério Público.”
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Na terça-feira (28), o procurador-geral da República, Augusto Aras, chefe do Ministério Público Federal (MPF), fez críticas à força-tarefa da Operação Lava Jato. “Agora é a hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure”, afirmou em transmissão ao vivo promovida pelo grupo Prerrogativas. Aras apontou que existe um “MPF do B” e argumentou que 50 mil documentos estão “invisíveis à corregedoria-geral” do Ministério Público. O PGR não disse quem oculta essas informações.
Sobre a força-tarefa em Curitiba, Aras disse que “não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos, com caixas de segredos” para “chantagem e extorsão”.
Diferentes políticos repudiaram a fala de Aras, bem como a própria força-tarefa e a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro apontou que desconhece “segredos ilícitos no âmbito da Lava Jato. Ao contrário, a Operação sempre foi transparente e teve suas decisões confirmadas pelos tribunais de segunda instância e também pelas Cortes superiores, como STJ e STF”.
Pozzobon havia feito outras críticas a Aras no meio da semana. Segundo ele, faltou transparência no processo de escolha do PGR pelo presidente Jair Bolsonaro, que selecionou Aras fora da lista tríplice. Tradição desde 2003, a lista tríplice é resultado de uma eleição interna do órgão, que sugere três nomes para que o presidente da República possa escolher, dentre eles, o próximo PGR. “O transparente processo de escolha a partir de lista tríplice, votada, precedida de apresentação de propostas e debates dos candidatos, que ficou de lado, fez e faz falta”, escreveu o procurador dias atrás.
A crise entre a Lava Jato e a PGR vem se arrastando desde visita feita pela subprocuradora-geral da República Lindora Araújo à força-tarefa em Curitiba, ocorrida no mês de junho último. Em resposta, a equipe da Lava Jato acionou a corregedoria do órgão e disse, em ofício, que a subprocuradora teria tentado obter acesso a informações sigilosas dos bancos de dados da operação.
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