Antônio Carlos Nunes de Lima, que assume a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após o afastamento de Rogério Caboclo, recebia até o ano passado uma indenização próxima a R$ 15 mil reais do governo federal, como anistiado político da ditadura militar. Coronel Nunes, como é conhecido o cartola, não aparenta ter sido perseguido pelo regime: ele era membro da Polícia Militar do Pará, e chegou a ser prefeito de Monte Alegre, sua cidade-natal, em 1977.
Nunes foi considerado “anistiado” em maio de 2003, durante o primeiro mandato do governo Lula. De acordo com a Lei de 2002 que regulamenta o regime político do anistiado, a ele caberia além do título “reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação mensal, permanente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na inatividade”. O Portal da Transparência, no entanto, não indica como o coronel da PM recebeu tais valores.
Foi apenas em junho do ano passado que, entre centenas de revisões, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, revogou o benefício dado ao dirigente do futebol. Nesta data, ele já havia deixado o comando da principal entidade do futebol no Brasil, que havia dirigido entre 2017 e 2019.
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A história foi revelada em 2016 pelo repórter Lúcio Castro, então na Agência Pública. A descoberta veio após o governo liberar a lista de anistiados políticos que recebiam indenizações dos cofres públicos.
O então presidente Caboclo foi afastado do cargo neste domingo, após o site ‘Globo Esporte’ expor uma investigação contra o dirigente por assédio, movido por uma funcionária da confederação. Após o Conselho de Ética da CBF pedir seu afastamento e após pressão de patrocinadores, Caboclo cedeu seu lugar por 30 dias. Desta forma, Coronel Nunes – que aos 82 anos é o mais velho dos diretores – passa a comandar interinamente a organização.
A crise ocorre às vésperas da Copa América, programada para iniciar no país em 13 de agosto.
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