O ministro da Educação, Abraham Weintraub, virou alvo dos próprios eleitores do presidente Jair Bolsonaro. Ele está sendo criticado nas redes sociais por não ter renovado o contrato com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, que é responsável por gerir a TV Escola e recentemente transmitiu uma série com o escritor Olavo de Carvalho. E respondeu uma das queixas, dando início a um bate-boca no Twitter. Confira:
> 33% desaprovam política de Bolsonaro para a educação, diz pesquisa
“A TV Escola estava em boas mãos, e tinha acabado de transmitir uma série do Brasil Paralelo com participação do prof. Olavo de Carvalho. Teríamos por anos uma canal de TV com abertura ao conservadorismo falando diretamente aos professores. Mas no meio do caminho estava o Ministro Abraham Weintraub”, atacou o internauta Murilo Resende, que se descreve como “católico e reaça”, no Twitter.
Pois bem, esse ministro resolveu acabar com a TV Escola logo depois que ela transmitiu a série do Brasil Paralelo. Uma coincidência reveladora? Por que acabar com a TV Escola precisamente quando ela se abre a novas influências culturais e intelectuais?
PublicidadeLeia também
Publicidade— Murilo Resende (@MURILORESENDEF1) December 13, 2019
“Cristã, olavette e conservadora”, segundo a própria descrição no Twitter, a ex-funcionária do MEC Bruna Luiza, que chegou a comemorar a exibição da série com Olavo de Carvalho, também entrou na discussão sobre o fim do contrato da TV Escola. Ela acabou recebendo uma resposta de Weintraub:
“Bruna Luiza estava no MEC quando a BNCC foi assinada (eu não estava). Assim que cheguei, mandei dispensa-la. Eu não teria assinado a BNCC. Agora, lido com compromissos de antessessores e tento mitigar os impactos através de programas como Literacia Familiar do professor Nadalim”, escreveu o ministro no Twitter. O post, porém, foi apagado depois de virar chacota entre os críticos ao fim do contrato da TV Escola por conta do erro de português cometido ao escrever antecessores com SS e não com C.
Weintraub fez, contudo, um novo post dizendo que tirou Bruna do MEC na sua primeira semana como ministro:
Tem uma militante, que eu raquetei do MEC em minha primeira semana, que está soltando mentiras. Apenas para deixar claro: eu não assinei a BNCC (ela estava no MEC) e, caso eu tivesse chegado uma semana antes, teria impedido. Agora, com o estrago feito, tenho que administrar.
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) December 14, 2019
Ela rebateu: negou a responsabilidade pela Base Nacional Curricular Comum (BNCC), disse que militava pela candidatura de Bolsonaro antes mesmo que Weintraub e acabou ganhando o apoio de outros internautas seguidores de Bolsonaro e de Olavo de Carvalho.
Vamos lá, então: antecessores é com C e depois SS. Se alfabetize.
A BNCC foi homologada em 2018, pelo Mendonça Filho, e eu nada tive a ver com isso.
Por fim, você abriu o MEC para os globalistas, para as fundações do Soros. Agora assuma as consequências do que fez. https://t.co/yyEnP1kkGM
— Bruna Luiza (@Brubas) December 14, 2019
Weintraub voltou ao Twitter, então, para explicar que a não renovação do contrato havia sido motivada por questões orçamentárias. Segundo ele, cerca de R$ 350 milhões iriam para a TV Escola nos próximos cinco anos, mas “tem coisa melhor a fazer com esse dinheiro”.
A militante “reclama” da não renovação Roquete Pinto/TV Escola. Deixo claro: defendo reduzir o Estado. Já pagamos muito imposto. O contrato, caindo pela metade, era de R$ 350 milhões por 5 anos. Tem coisa melhor a fazer com esse dinheiro. O dia que não tiver, corte-se impostos.
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) December 14, 2019
Segundo o UOL, ao informar o fim do contrato com a Fundação Roquette Pinto, nessa sexta-feira (13), o MEC disse “estuda a possibilidade de as atividades do canal serem exercidas por outra instituição da administração pública”. Já a Roquette Pinto disse ao UOL que foi praticamente expulsa do prédio do MEC. “A direção da Roquette Pinto Comunicação Educativa, que faz a gestão da TV Escola, tentou inúmeros contatos com assessores do Ministério e com o próprio ministro, no sentido de solicitar uma prorrogação do prazo para a desocupação afim de poder achar um local adequado. Não recebeu nenhuma resposta”, disse a fundação ao UOL.
Procurado, o Ministério da Educação não comentou a discussão ocorrida nas redes sociais. Apenas confirmou que o contrato com a Fundação Roquette Pinto (Acerp) encerra no fim deste ano e não será renovado e disse que estuda a possibilidade de as atividades do canal serem exercidas por outra instituição da administração pública. O Congresso em Foco também procurou a ex-funcionária do MEC Bruna Luiza para esclarecer essa questão, mas ainda não recebeu resposta.
Antes de virar alvo dos próprios eleitores de Bolsonaro, Weintraub já havia recebido críticas de vários setores da sociedade civil. Ele virou alvo depois de declarações polêmicas como a de que as pessoas andavam nuas e plantavam maconha nas universidades. Pesquisa do Instituto Todos pela Educação, por exemplo, constatou que só 19% dos entrevistados acreditam que a pasta comandada por Abraham Weintraub faz um trabalho melhor que o dos demais ministérios do governo de Jair Bolsonaro. Weintraub também já foi apontado pelo Painel do Poder como o ministro do governo de Jair Bolsonaro que tem a pior avaliação entre os líderes do Congresso. Por isso, quando se fala em reforma ministerial, ele é sempre um dos cotados a sair do governo.
> Weintraub grita, chora e diz que está no MEC para defender a classe média
> Weintraub é o pior ministro para líderes. Tereza Cristina, a melhor
> Tenha a melhor cobertura do Congresso de graça no seu Whatsapp