O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub é persona non grata no Distrito Federal. É a primeira vez que uma autoridade recebe esse título na capital do país. A proposta, de autoria do deputado distrital Chico Vigilante (PT), foi aprovada nessa quarta-feira (12) pela Câmara Legislativa.
Na reunião ministerial de 22 de abril, divulgada após por determinação do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), Weintraub disse que os integrantes da corte deveriam estar presos e disparou contra Brasília, chamando a cidade de “porcaria” e “cancro”.
“Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis”, disse ele na reunião.
Segundo Vigilante, o ex-ministro da Educação merece todo o repúdio da sociedade brasileira e, em especial, da brasiliense por ter desrespeitado a democracia e desmerecido a cidade e seus habitantes. O texto dele foi aprovado por unanimidade entre os 15 deputados que participaram da sessão remota nessa quarta.
“O ex-ministro insultou os brasilienses, especialmente o criador da cidade, Juscelino Kubitschek, o Oscar Niemeyer e Lucio Costa, e todos os moradores daqui. Resolvemos dar resposta a ele. Ninguém se opôs à proposta. É sinal de que ele não é bem-vindo a Brasília”, disse Vigilante ao Congresso em Foco.
Weintraub deixou o governo após se envolver uma série de polêmicas. Sua gestão foi intensamente criticada por reitores, professores e entidades estudantis. Weintraub é alvo de duas investigações no Supremo por crime de racismo contra o povo chinês e por suspeita de participação em esquema de disseminação de fake news.
Ele ganhou do presidente Jair Bolsonaro a indicação para um cargo no Banco Mundial, em Washington. Em junho, a associação de funcionários do Banco Mundial enviou uma carta aberta ao Comitê de Ética da instituição pedindo a suspensão da indicação de Weintraub. Mas representantes do comitê disseram que não tinham poder para derrubar a indicação feita pelo governo brasileiro.