O deputado professor Israel Batista (PV-DF), integrante da comissão externa da Câmara que acompanha ações do MEC, se disse frustrado com a entrevista concedida pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, ao jornal O Estado de S.Paulo. Na última terça-feira (22), ele e mais quatro deputados se reuniram com o ministro e sua equipe no Ministério da Educação (MEC). “Não chega a ser uma decepção, porque era o que já estava acontecendo, mas é uma frustração”, disse professor Israel.
Para o deputado, a reunião com Ribeiro parecia sinalizar uma mudança de postura. “Essa entrevista foi um balde de água fria. Nós entendemos, na reunião, que o ministério ia tomar algumas medidas de correção de rota”, disse. “O ministério mostrou que mudou apenas titular, que é um pouco mais discreto, mas todo o pano de fundo se manteve o mesmo”, completou.
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Ao comentar uma fala do ministro, que isentou o MEC da responsabilidade institucional pelo retorno às aulas no país, o deputado lembrou que o governo não tem autoridade para ordenador o retorno, mas possui o dever de coordenar as ações. Ele lembrou que o Brasil é um país federativo e considerou que há uma omissão reiterada do governo na gestão da pandemia. “É uma política recorrente nesse governo de lavar as mãos.”
O grupo de parlamentares tem apresentado uma série de requerimentos de informação à pasta sobre o enfrentamento da pandemia nas escolas. Ao abrir as portas do ministério, o ministro buscou dar uma resposta à enxurrada de pedidos formais e dialogar diretamente com os parlamentares.
“Ele foi mais cordial que qualquer coisa, mas eu percebi que ele tentou deixar claro quais são os limites dele.”
PublicidadeSegundo professor Israel, em um momento da reunião, o ministro disse que iria agir dentro do estabelecido pelo presidente Bolsonaro. “É um pensamento majoritarista, como se um terço do eleitorado que efetivamente apoiou o presidente Bolsonaro, definisse e tivesse pensando só em educação, como se não fosse um processo de construção contínua.”
Em outro trecho da entrevista, Milton Ribeiro eximiu o MEC de responsabilidades sobre a garantia de acesso à internet para que os alunos possam acompanhar as aulas remotas durante o período de pandemia.
“Esse problema só foi evidenciado pela pandemia, não foi causado pela pandemia. Mas hoje, se você entrar numa escola, mesmo na pública, é um número muito pequeno que não tem o seu celular. É o Estado e o município que têm de cuidar disso aí. Nós não temos recurso para atender. Esse não é um problema do MEC, é um problema do Brasil. Não tem como, vai fazer o quê? É a iniciativa de cada um, de cada escola. Não foi um problema criado por nós. A sociedade brasileira é desigual e não é agora que a gente, por meio do MEC, que vamos conseguir deixar todos iguais”, disse.
O deputado criticou a pasta por não consultar pesquisas de institutos apontando o problema de acesso à rede no Brasil. Ele afirma que a pasta não ouve os institutos nem faz as próprias pesquisas. A entrevista, na visão dele, é uma resposta à base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. “Ele se retira do debate e ele dá uma satisfação para a base eleitoral do presidente, dando a eles argumentos. Quando alguém reclamar, os apoiadores do governo vão dizer: não é responsabilidade do governo, isso é um problema dos governadores e prefeitos.”
Apesar disso, professor Israel afirmou que a busca pelo diálogo vai continuar. “A gente vai tentar sempre construir espaço para o diálogo, porque a culpa dessa guerra política irracional não é dos estudantes. Nós temos uma missão institucional e nós somos conscientes dessa missão, mas o governo tem dificuldade de compreender a sua institucionalidade, é um governo fulanizado, personalizado.”
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