Mesmo com o plenário cheio e disposto a continuar votando a reforma da Previdência na noite desta quarta-feira (10), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), preferiu encerrar a sessão e deixar a apreciação dos destaques apresentados ao texto para esta quinta-feira (11). Na saída do plenário, ele explicou que precisava orientar os líderes sobre os destaques e admitiu que, por conta disso, a votação do segundo turno pode se estender até a manhã de sábado (13).
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Ao ser questionado sobre o cronograma de votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, Maia reforçou que é possível aprovar os dois turnos da proposta ainda nesta semana. “A gente retoma amanhã de manhã. O plenário está com maioria então a gente toca” afirmou o presidente da Câmara. Quando foi questionado sobre quanto a votação chegaria ao fim, ele acrescentou: “termina sexta à noite ou sábado de manhã”.
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Antes da retomada das votações, contudo, Maia vai realizar uma nova reunião de líderes. A ideia é garantir que os destaques sejam apreciados de forma favorável à reforma e, de preferência, com ampla margem, como aconteceu com o texto-base.
“No primeiro, entendi que os deputados estavam confusos em relação ao mérito dos destaques. Se concentrou muito no mérito do texto principal da PEC e não se organizou os votos dos parlamentares. O formato de o governo não ter uma articulação maior acaba desorganizando as informações”, alfinetou Maia. Diante disso, ele encerrou a sessão da noite desta quarta após a aprovação de um único destaque, o que mantém os professores na reforma. “Tinha deputado votando de um jeito que vai impactar de outro jeito. As pessoas estavam mal informadas e havia outras matérias que o impacto era muito grande”, justificou.
A oposição, por sua vez, contestou essa declaração e afirmou que Maia encerrou a sessão porque sentiu que a oposição poderia levar a melhor na votação dos destaques. “Faltavam 58 deputados para votar. Precisávamos de 43 votos para aprovar a mudança no texto que daria aposentadoria mais justa aos professores. O presidente Rodrigo Maia encerrou a sessão antes que todos os deputados votassem para evitar que vencêssemos. Inaceitável”, reclamou o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ).
Uma sessão deliberativa está convocada para as 9h desta quinta-feira (11) para a apreciação dos destaques que podem alterar o texto-base da reforma da Previdência. Outras sessões estão previstas para as 14h e as 19h.
Discurso
Antes de anunciar o resultado da reforma da Previdência, Rodrigo Maia foi à tribuna da Câmara, a pedido dos parlamentares, para comentar o processo de negociação da PEC. Ovacionado, ele disse que, mesmo diante dos discursos da oposição, estava convicto de que “a posição de reformar o estado brasileiro é a posição correta” já que as “reformas vêm no sentido de reduzir a desigualdade”. “Quando construímos um texto, não construímos um sonho de cada um de nós. O meu texto não teria regra de transição para servidores públicos e policiais federais, mas tem muitos representantes dos servidores aqui e algumas regras foram construídas”, afirmou.
Mesmo assim, ele agradeceu o apoio e parabenizou todos os deputados que ajudaram a aprovar a reforma, sobretudo os do Centrão. “Muitas vezes, os nossos líderes são desrespeitados e criticados, mas são esses líderes que estão fazendo a mudança do Brasil. O Centrão está fazendo a reforma”, afirmou o presidente da Câmara, dizendo que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal têm sido atacados de forma exagerada pelos brasileiros.
Por fim, ele pediu mais parceria do governo. “Vamos ter que construir daqui para frente uma relação diferente, onde o diálogo e o respeito prevaleçam sobre qualquer tipo de ataque”, afirmou Maia, admitindo que, com projetos como o da Previdência, quer retomar o protagonismo da Câmara dos Deputados no sistema democrático brasileiro.