A greve geral convocada por dez centrais sindicais contra a reforma da previdência afetou principalmente o transporte público em diversas cidades do país na manhã desta sexta-feira (14). O impacto já era, de certa forma, esperado e levou empresas de ônibus do Distrito Federal, por exemplo, a entrarem na Justiça contra a deliberação dos funcionários de aderir à paralisação. Mesmo com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região determinando 100% da frota de veículos nas ruas, os rodoviários do Distrito Federal fazem greve nesta sexta. A adesão dos trabalhadores do transporte público também acontece pelo menos parcialmente em São Paulo, apesar de decisão contrária da Justiça.
Além das duas capitais, Recife, Teresina, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e diversas outras cidades enfrentaram trânsito complicado, funcionamento parcial de ônibus, trens e metrô, assim como manifestações e bloqueio de ruas em especial nas primeiras horas da manhã de hoje. Por volta das 11h30 da manhã, a imprensa registrava adesão e manifestações nos 26 estados e no DF.
Ao contrário das outras três mobilizações populares que ocorreram no último mês, contra o contingenciamento do orçamento da educação e em apoio ao governo Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira foram registradas ações de repressão da força policial contra os manifestantes.
Em Campina Grande, Paraíba, policiais foram acusados de agredir estudantes que protestavam em frente à Universidade Federal de Campina Grande. No Rio de Janeiro, policiais que escoltavam a passeata dos grevistas usaram bombas de efeito moral para dispersar as pessoas, com a justificativa de impedir o fechamento de vias. Também existem reclamações de truculência da polícia contra estudantes da Universidade de São Paulo, quatro teriam sido detidos pela manhã, segundo informações da deputada Sâmia Bomfim (PSol-SP). Na maior cidade do país, barricadas com pneus e fogo foram colocadas em algumas avenidas como a 23 de Maio e a nas rodovias via Anhanguera e Régis Bittencourt. Estudantes também usaram barreiras com pneus incendiados para bloquear a entrada da Universidade Federal do Alagoas. Em Porto Alegre, de acordo com relato da Central Única dos Trabalhadores, as tropas de choque da Brigada Militar usaram bombas de gás lacrimogêneo, cavalaria e um caminhão lançando jatos de água contra em manifestantes na Avenida Bento Gonçalves.
A mobilização virtual polarizada também acontece desde as primeiras horas da manhã, com a hashtag #GreveGeral como assunto mais comentado no Twitter, seguida pela #Dia14BrasilTrabalha, que representa as pessoas contrárias à paralisação. Na quarta-feira, a hashtag #Sextatemgreve já tinha chegado aos trending topics.
Pautas
A oposição à reforma da Previdência, aos bloqueios orçamentários na educação e o desemprego são as principais bandeiras da mobilização, segundo os organizadores. A Força Sindical divulga em seu site um modelo de abaixo-assinado “em defesa da Previdência Social e das aposentadorias”, a ser entregue ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os líderes sindicais têm coletado assinaturas com os trabalhadores simpáticos ao movimento.
“Além de não apresentar ao país uma proposta de retomada do crescimento econômico com geração de emprego e distribuição de renda, o governo Bolsonaro quer jogar a conta da crise nas costas dos trabalhadores e acabar com o direito à aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras”, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas. Parlamentares de partidos de oposição ao governo, especialmente os do PT, fizeram convocação à greve na internet.
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