A falta de previsão de recursos no Orçamento da União de 2022 para o reajuste da categoria irritou servidores do Banco Central. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Banco Central (Sinal), Fabio Faiad, as negociações com o governo e com o Legislativo para que a decisão seja revista devem seguir até o mês de março. Se não houver uma solução até lá, a categoria se prepara para entrar em greve.
Fabio Faiad conta que o principal elemento envolvido na revolta de sua categoria não é apenas a falta do reajuste, mas a quebra da promessa do governo em prol de um órgão específico no qual o presidente da República tem interesse eleitoral. “Estamos indignados. (…) A gente ficou chateado porque a nossa ideia era que o reajuste fosse para todos os servidores, não só para o pessoal da polícia”. Os policiais federais e rodoviários e os agentes penitenciários foram as únicas categorias a receber espaço para reajuste no Orçamento, que dedicou a eles um valor de R$ 1,7 bilhão.
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O aumento no salário dos policiais chegou em um momento em que demais servidores lidam com um prolongado congelamento dos salários. “Várias carreiras do serviço público federal estão sem reajuste no mínimo desde janeiro de 2019. Algumas outras não recebem reajustes desde janeiro de 2017, ou seja, quase cinco anos sem aumento. Então é muita gente frustrada”, disse Faiad ao Congresso em Foco.
No caso do Banco Central, o principal temor é que o tratamento dispensado pelo governo federal aos policiais federais possa comprometer a oferta de recursos humanos no órgão. “Além do medo da piora do clima e da cultura organizacional, a gente teme que, quando houver concurso público, a gente tenha uma debanda, principalmente porque o salário inicial dos delegados e peritos da Polícia Federal vai ficar maior do que o salário final de um analista do BC”.
Para procurar uma solução, o Sinal abriu um cronograma de medidas que serão adotadas nos próximos meses. Durante o mês de janeiro, o sindicato busca conversar com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em busca de alternativas. Caso não haja solução, em fevereiro alguns setores do banco iniciam as paralisações. Se ainda assim a situação não for contornada, em março começam os chamados de greve.
Debanda na Receita
PublicidadeEnquanto no Banco Central os servidores procuram negociar uma forma de possibilitar os reajustes, na Receita Federal os funcionários já adotam uma postura mais radical. Em nota, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) determinou a paralisação imediata de todos os servidores sindicalizados, classificando a falta de reajuste como um “quadro de rebaixamento e humilhação institucional”.
Além da paralisação, os auditores da Receita Federal iniciaram a entrega em massa de seus cargos de chefia. Até a publicação da presente matéria, 324 servidores entregaram seus cargos. A expectativa do sindicato é de que, até o fim desta quarta-feira (22), ao menos 500 servidores tenham entregado suas chefias.
A falta de reajuste não é o único problema enfrentado pela Receita Federal no Orçamento de 2022. O órgão também sofreu um corte de verba de 54%. De acordo com o sindicato, esse corte não afeta apenas os funcionários, mas também as próprias atividades da Receita, em especial as funções de arrecadação, alfândega e fiscalização.
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