Líderes tentam reverter o mal-estar gerado entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Senado durante a votação da reforma da Previdência.
O representante da bancada do MDB, a maior da Casa Legislativa, com 12 senadores, Eduardo Braga (AM), disse ao Congresso em Foco nesta quinta-feira (3) que está trabalhando para o pacto federativo não ser afetado.
Guedes ameaçou represar pontos do pacote que daria auxílio financeiro aos estados por conta da desidratação sofrida na reforma previdenciária em primeiro turno. Senadores, inclusive os do MDB, agiram para retirar trecho da reforma que restringia o abono salarial.
De acordo com cálculos da equipe econômica, a perda para a reforma da Previdência com a mudança aprovada pelos senadores é de R$ 76,4 bilhões nos próximos dez anos.
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A moeda de troca do ministério da Economia deve vir no novo pacto federativo, um conjunto de medidas que prevê mais recursos para estados e municípios. Guedes solicitou que sua assessoria estude mudanças no pacote para compensar os valores perdidos com o abono salarial. A ideia da pasta, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, é compensar “cada bilhão perdido”, o que pode provocar ainda mais animosidade entre o governo e o Congresso.
Publicidade“Não haverá retaliação alguma. Ministro Guedes tem plena noção de suas responsabilidades com o país”, disse o líder do DEM, sigla com seis senadores,Rodrigo Pacheco (MG), ao Congresso em Foco.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tem dito que conversa constantemente com o ministro e que vai contornar o atrito entre o chefe da economia do governo de Jair Bolsonaro e os senadores.
Nesta semana, senadores demonstraram insatisfação com o governo e ameaçaram não votar o segundo turno da reforma na próxima semana. Alcolumbre já admite a possibilidade da votação ficar para depois da segunda quinzena de outubro.
Congressistas criticam a condução política do governo e afirmam que não têm sido atendidos em suas demandas. As queixas vão desde a falta de atendimento de pedidos para suas bases eleitorais até a demora na definição da divisão dos recursos do leilão do pré-sal, marcado para novembro.
Do lado do governo, a insatisfação com os congressistas levou Guedes a cancelar uma série de reuniões que teria nessa quarta-feira com líderes partidários.