O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltaram a entrar em choque nesta quarta-feira (30). Guedes disse, em entrevista coletiva, que há “boatos” de que Maia tenha se aliado à esquerda para não pautar projetos de privatização. “Não há razão para interditar as privatizações”, afirmou. Guedes usou o mesmo verbo para rebater crítica dirigida a ele por Maia nessa terça-feira (20). “Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?”, questionou o deputado no Twitter.
A indagação foi feita por Maia um dia após o governo protelar o envio de sua segunda leva de propostas para a reforma tributária, alegando não ter chegado a um acordo sobre a fonte de recursos para compensar a desoneração da folha de pagamento. Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Rodrigo Maia reagiu à provocação de Guedes: “Paulo Guedes está desequilibrado”.
A nova discussão pública aumenta a lista de atritos entre o responsável pela política econômica e o principal articulador político do Congresso, um embate que ameaça dificultar o andamento de pautas importantes da área da economia no Parlamento.
Maia é um dos maiores defensores no Congresso de uma reforma tributária, mas focada na unificação de impostos. O presidente da Câmara já se manifestou diversas vezes contra a recriação do imposto sobre transações.
Guedes e Maia estão rompidos há quase um mês. O deputado do DEM do Rio de Janeiro disse em entrevista à Globo News no início de setembro que o ministro proibiu a equipe econômica do governo de ter reuniões com ele. O ministro está insatisfeito com a atuação de Maia na reforma e tem dito que ele age para endividar a União e favorecer estados e municípios.
As declarações desta quarta foram dadas pelo ministro durante uma reunião em que foram anunciados resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O relatório apontou a abertura de 249.388 vagas no mês de agosto. “Superamos a fase em que precisávamos manter os sinais vitais da economia brasileira. Começamos a retomada do crescimento econômico em V, apesar do pessimismo e das críticas”, declarou Guedes.
Ele negou ter abandonado a pauta liberal a fim de atender a interesses eleitorais do presidente Jair Bolsonaro e reafirmou seu compromisso com as reformas. “Estamos voltando para o trilho das reformas estruturantes. Vamos simplificar impostos e reduzir na reforma tributária. Tem muita articulação política em andamento ainda”, disse. Segundo o ministro, o Brasil receberá R$ 1,2 trilhão de investimentos em dez anos.
> Maia acusa Paulo Guedes de “interditar” a reforma tributária