O governo admite desistir de leiloar os dois campos restantes do excedente do pré-sal caso não vislumbre valores considerados interessantes. “Se for para vender abaixo do preço, é melhor ficar com eles por uma questão estratégica”, disse ao Congresso em Foco o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo na Casa. Falta o leilão das áreas de Sépia e Atapu, que não receberam oferta nesta quarta-feira (6).
O vice-líder do governo classificou como uma “surpresa” e uma “decepção” o valor de R$ 69,9 bilhões arrecadados pelo direito de explorar a primeira área do megaleilão. “Houve uma fuga de multinacionais que esperávamos que fizessem lances substanciais. Sabemos que o petróleo existe, que a Petrobras fez o dever de casa. Por isso ainda acreditamos que possam aparecer investidores para o leilão dos próximos blocos”, afirmou o senador.
O valor obtido, bem abaixo das projeções do governo, surpreendeu negativamente até a oposição. Contrário à venda do excedente do pré-sal, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) acredita que as sucessivas crises provocadas pelo próprio governo influenciaram no resultado.
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“Temos segurança jurídica zero. É preciso entender que a Petrobras não é uma estatal, ela é a estatal brasileira. Mas o governo briga entre si, o presidente é xingado pelo próprio partido, os filhos dele falam o que querem. Virou uma república de bananas”, criticou o senador, que é especialista e consultor na área de gás e óleo. “O leilão, na verdade, se transformou num canal de transferência de recursos da Petrobras para o governo”, considerou.
Dos quase R$ 70 bilhões arrecadados, cerca de R$ 63 bilhões serão desembolsados pela própria Petrobras. Os chineses ofertaram menos de R$ 7 bilhões. Ou seja, 10% do total.
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