Reunido em congresso em Brasília neste sábado (7), o comando do PSDB divulgou nota que destaca seu apoio à agenda econômica do governo Jair Bolsonaro, mas demarca suas diferenças em relação à pauta conservadora de costumes do presidente da República e de seus aliados. O partido também faz uma enfática defesa da democracia, apontada como seu maior compromisso.
No texto “Acima de tudo, a democracia”, que remete ao slogan eleitoral de Bolsonaro (Brasil acima de tudo, Deus acima de todos), evita citar o nome do presidente, diz que votou a favor de propostas benéficas para o país este ano e atribui ao “petismo” a crise econômica enfrentada pelo país.
“Temos compromisso com a recuperação do país, também porque queremos que o Brasil supere a herança ruinosa e o atoleiro de anos de estagnação deixados pelo petismo, atraso que ainda vai exigir muitos esforços dos brasileiros para ser vencido”, sustenta o manifesto, lido pelo presidente nacional, o ex-deputado Bruno Araújo (PE).
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O partido também ressalta seu papel na aprovação da reforma da Previdência, “sempre acentuando seu viés social”. Além de votar favoravelmente à PEC, dois tucanos relataram a reforma na Câmara, o deputado paulista Samuel Moreira, e no Senado, o senador cearense Tasso Jereissati. “Está no nosso DNA, na nossa origem: se é pelo Brasil, pelos brasileiros, votamos a favor. Assim sempre foi, é e continuará sendo. Nunca fomos pelo quanto pior, melhor”, afirma.
Autoritarismo
Na nota, o PSDB também critica a polarização política e as falas sobre uma possível volta da ditadura militar. “Sempre que o governo, qualquer governo, investe contra as instituições, age com desrespeito e intolerância, ameaça a nossa democracia, as liberdades, adota iniciativas e atitudes autoritárias e anticivilizatórias, o PSDB esteve, está e estará do lado diametralmente oposto”, diz o manifesto.
Publicidade“O PSDB sempre manifestou, e o reitera e enfatiza neste momento: jamais admitiremos qualquer tentativa de retorno aos tempos sombrios do autoritarismo. Repudiamos o sectarismo, o obscurantismo e a incitação à violência”, acrescentou, sem fazer menção às declarações feitas pela família Bolsonaro ou integrantes do governo sobre uma eventual volta do Ato Institucional 5 (AI-5).
A legenda também prega que o governo não deve interferir em costumes ou valores comportamentais de cada indivíduo. “A cada cidadão cabe exercer a sua plena liberdade de ser.”
O partido divulgará ainda hoje um documento consolidado sobre sua posição em relação a temas da agenda do governo Bolsonaro. Os filiados foram consultados ao longo de dois meses em debates virtuais, redes sociais e questionário eletrônico a respeito de assuntos como aumento ou diminuição de reservas indígenas; demissão de funcionário públicos concursados; pagamento de mensalidade em universidades públicas; liberação de drogas para consumo e uso medicinal.
A consulta gerou cerca de meio milhão de interações. Participam do encontro políticos, filiados e cerca de 700 delegados estaduais. Entre os presentes estão os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS).
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Veja a íntegra do documento do PSDB:
“ACIMA DE TUDO, A DEMOCRACIA
O PSDB tem compromisso com valores e princípios. Deles não abre mão.
O PSDB é um partido que tem convicções, que promove iniciativas e propostas para melhorar a vida dos brasileiros.
Temos história. Somos um partido de conquistas e realizações. De presente e, sobretudo, de futuro.
O Brasil está vivendo um momento novo e somos parte dele.
Ao longo deste ano de 2019, mais que um voto de confiança, o PSDB deu apoio parlamentar a propostas benéficas para o país debatidas e votadas no Congresso Nacional.
Não é preciso muito mais para comprová-lo que nossa participação direta – em todos os passos da sua tramitação no Parlamento – na aprovação da reforma da Previdência, sempre acentuando seu viés social.
Está no nosso DNA, na nossa origem: se é pelo Brasil, pelos brasileiros, votamos a favor. Assim sempre foi, é e continuará sendo. Nunca fomos pelo quanto pior, melhor.
Temos compromisso com a recuperação do país, também porque queremos que o Brasil supere a herança ruinosa e o atoleiro de anos de estagnação deixados pelo petismo, atraso que ainda vai exigir muitos esforços dos brasileiros para ser vencido.
O PSDB é um partido que não foi criado para aderir. Nascemos há 31 anos para liderar, para construir alternativas. Votamos, apoiamos e aprovamos medidas por convicção, jamais por conveniência.
Na agenda prioritária para o país, a do crescimento, da geração de emprego, renda e oportunidades, estamos onde sempre estivemos: a favor das reformas.
Estamos a favor da liberdade de iniciativa; do combate à burocracia e a privilégios das corporações; da responsabilidade com as contas públicas; da luta sem trégua contra as desigualdades e da promoção da justiça social e do bem-estar comum.
O maior compromisso do PSDB é com a democracia.
Valorizamos e prezamos as instituições, o Estado democrático de direito, as liberdades, a tolerância, a diversidade de pensamentos, de opiniões e de escolhas.
Sempre que o governo, qualquer governo, investe contra as instituições, age com desrespeito e intolerância, ameaça a nossa democracia, as liberdades, adota iniciativas e atitudes autoritárias e anticivilizatórias, o PSDB esteve, está e estará do lado diametralmente oposto.
O PSDB sempre manifestou, e o reitera e enfatiza neste momento: jamais admitiremos qualquer tentativa de retorno aos tempos sombrios do autoritarismo.
Repudiamos o sectarismo, o obscurantismo e a incitação à violência.
Consideramos que o governo – qualquer governo – não deve interferir em costumes e valores comportamentais de cada indivíduo. A cada cidadão cabe exercer a sua plena liberdade de ser.
Há anos, vindo de ambos os lados dos extremos políticos, temos visto iniciativas que afrontam a civilidade, que alimentam a intolerância e a truculência, que desrespeitam nossas instituições e que lançam ameaças contra a nossa democracia.
Trata-se de uma marcha de retrocesso e insensatez. Sempre que isso ocorreu e ocorre – vindo de quem quer que seja – o PSDB esteve e estará na oposição.
Dizemos “não” a despropósitos que envenenam o país e acentuam conflitos que alimentam uma insana, indesejável e condenável guerra entre brasileiros, gerando instabilidade em todos os aspectos da vida nacional.
Mas dizemos “sim” à modernização da economia ora em curso, a fim de promovermos o quanto antes o desenvolvimento econômico e social, a geração de empregos e a redução da desigualdade social – em suma, a melhoria de vida das pessoas.
O Brasil não tem tempo a perder. Temos pressa para que o país volte a crescer e a gerar oportunidades para os milhões sem trabalho.”