Agentes do mercado financeiro ficaram em polvorosa na noite de terça-feira (18) após vir a público a informação de que o ministro Paulo Guedes havia ameaçado deixar o Ministério da Economia. A informação revelada pelo Congresso em Foco dava conta de que Guedes se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com a intenção de pedir demissão do cargo. O ministro, entretanto, foi demovido da ideia pelos colegas Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), o que fez com que o mercado operasse sem sobressaltos nesta quarta-feira (19).
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Ainda que tenha havido a possibilidade real de o ministro deixar o cargo na noite de terça-feira, o mercado segue acreditando piamente na permanência de Guedes no governo Bolsonaro.
Analistas apresentaram leituras semelhantes do fato ao Congresso em Foco, nesta quarta-feira. A tese predominante é de que ainda que Paulo Guedes tenha demonstrado insatisfações com o presidente, Bolsonaro não pode agir de modo impetuoso com o ministro da Economia, um dos principais avalistas e figura imprescindível de seu governo.
Nas palavras de um analista, “Bolsonaro sabe que o último bastião que segura o mercado financeiro de virar a mão fortemente é o Paulo Guedes”.
Foi essa dependência que o governo tem de Guedes que embasou a certeza de que a crise entre o ministro e o presidente não se estenderia além de terça-feira e permitiu a operação tranquila do mercado nesta quarta. O Ibovespa teve alta de 1,3% e o dólar oscilou pouco, com leve alta de 0,2%
Apesar dessa segurança, os mesmos analistas preveem que as cobranças do mercado sobre Guedes devem se intensificar ao longo, já que não esperam um crescimento econômico significativo para 2020 nem contam com um cenário capaz de atrair capital estrangeiro.