Mais uma vez na contramão de todos os chefes de governo que conseguiram bons resultados até agora no enfrentamento ao coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou as medidas preventivas adotadas por governadores nesta terça-feira (17). Diante de indicadores desanimadores da economia, Bolsonaro se antecipou e jogou a responsabilidade pelos números pífios aos chefes dos Executivos estaduais. Segundo ele, as ações implantadas em vários estados, como a suspensão de determinadas atividades, vão se traduzir nos índices da economia e prejudicar os trabalhadores informais, que não terão dinheiro para se alimentar corretamente e ficarão ainda mais expostos à covid-19.
“A economia estava indo bem, fizemos algumas reformas, os números bem demonstravam a taxa de juros lá embaixo, a confiança no Brasil, a questão de risco Brasil também, então estava indo bem. Esse vírus trouxe uma certa histeria e alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia”, disse o presidente em entrevista à rádio Tupi.
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A participação de Bolsonaro no ato feito em Brasília em defesa de seu governo opôs ele e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem se posicionado claramente contra aglomerações. Também criou atrito entre ele e um de seus principais aliados, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que foi à manifestação organizada em Goiânia pedir que os manifestantes voltassem para casa para não espalharem ou contraírem o vírus. Ele foi vaiado e xingado por bolsonaristas.
Mesmo tendo tido contato com pessoas infectadas pelo coronavírus, Bolsonaro contrariou a orientação do Ministério da Saúde, rompeu o isolamento e tocou em apoiadores. Ao todo, pelo menos 14 pessoas que estiveram com o presidente na viagem aos Estados Unidos confirmaram que estão infectados.
Para ele, no entanto, tudo não passa de histeria. “Essa histeria leva a um baque na economia. Alguns comerciantes acabam tendo problemas. Você pode ver quando você vai a um jogo de futebol, o cara que vende o chá mate ali na arquibancada, o cara que guarda o carro lá fora (flanelinha), ele vai perder o emprego. Ele já vive na informalidade, ele vai ter que se virar, mas vai ter mais dificuldades e tendo mais dificuldades ele comerá pior. Comendo pior, já não comia tão bem, acaba não comendo adequadamente, ele fica mais debilitado, e o coronavírus chegando nele, ele tem uma tendência maior de ocupar um leito hospitalar”, afirmou o presidente.
PublicidadeFesta de aniversário
Bolsonaro declarou ainda que vai manter para o próximo fim de semana a festa de seu aniversário e o de sua esposa, Michelle. “Embora tenha feito teste semana passada que, segundo ele, deu negativo, o presidente passará por novo exame nesta semana, já que há risco de o vírus ainda estar incubado. – Agora eu faço 65 (anos) daqui a quatro dias. Vai ter uma festinha tradicional aqui até porque eu faço aniversário dia 21 e minha esposa dia 22. São dois dias de festa.”
Para ele, há histeria sobre o assunto. “Se você for nos ônibus do Rio de Janeiro, que vem da Zona Oeste ou da Baixada, e no metrô de São Paulo, estão todos lotados, a vida continua, não tem que ter histeria. Não é porque tem uma aglomeração de pessoas aqui ou acolá, esporadicamente, tem que atacar exatamente isso. O cara não vai ficar em casa, vai se juntar”, minimizou.
O assunto, segundo ele, não pode ser tratado como “se fosse o fim do mundo”. “Começou na China, foi para Europa, e nós íamos passar por isso. Mas o que está errado é a histeria, como se fosse o fim do mundo. E uma nação, o Brasil por exemplo, só será livre desse vírus, o coronavírus, quando um certo número de pessoas infectadas criarem anticorpos, que passa a ser barreira para não infectar quem não foi infectado ainda.”
O presidente afirmou que grande parte da população será infectada. “Qual a grande briga dos governos do mundo todo? Como ela virá e como está vindo, ela (a doença) tem que ser diluída, em vez de uma parte da população ser infectada num período de dois, três meses, e vai ser, que seja entre seis, sete, oito meses, porque havendo um pico de pessoas com o problema, e geralmente ele ataca quem tem mais idade ou quem tem algum tipo de problemas de saúde, aí passa a ser grave. Não é só o coronavírus que passa ser grave, qualquer outra pessoa, qualquer gripe, qualquer infecção.”
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