Em nota divulgada na sexta-feira (9), o Ministério Público Federal (MPF) disse ser “louvável e incensurável” ações afirmativas adotadas por grupos empresarias, como o Magazine Luiza, que buscam a realização de processo de treinamento e aperfeiçoamento profissional exclusivamente voltados a pessoas negras e pardas.
“Atuações voltadas à concretização de objetivos e valores relativos à efetivação e à materialização do princípio da igualdade, basilar de nossa sociedade, encontram amparo legal e constitucional no ordenamento jurídico brasileiro, e devem ser replicadas”, diz o texto. O documento é assinado pelo procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, e pelo procurador da República Marco Antonio Delfino – coordenador do grupo de trabalho (GT) Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial.
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Segundo os procuradores, para enfrentar um cenário de ausência de pessoas negras e pardas nos postos de comando é preciso estimular “a presença delas nos espaços de formação superior e de decisão”.
Além disso, o documento destaca que não existe amparo para qualquer afirmação no sentido de que tal programa promove “racismo reverso”. A nota afirma que tal argumento “se constitui uma falácia retórica para encobrir o privilégio que contempla, historicamente, as parcelas hegemônica da sociedade brasileira; esse argumento enganoso busca enfraquecer a evidência do racismo estrutural”.
O trainee
Em setembro, a rede varejista Magazine Luiza divulgou um programa de trainee destinado exclusivamente a negros. Segundo a empresa, o objetivo da iniciativa pioneira é “trazer mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional”. O programa foi alvo de críticas nas redes sociais, mas a empresa não recuou.
Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira (5), a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, a empresária Luiza Helena Trajano, defendeu a ação. “Temos que entender mais o que é racismo estrutural. O dia que entendi até chorei, porque sempre achei que não era racista até entender o racismo estrutural”, disse ela. Luiza é considerada pela revista Forbes a mulher mais rica do Brasil, com fortuna estimada em R$ 24 bilhões.
O programa aceitará candidatos formados entre dezembro de 2017 e dezembro de 2020, em qualquer curso superior. Não é necessário ter conhecimento em língua estrangeira nem experiência profissional anterior. As posições estão abertas para diversas áreas como: comercial, e-commerce, financeiro, gestão de pessoas, logística, marketing e operações. O candidato deve ter disponibilidade para morar na cidade de São Paulo (SP). As inscrições vão até o dia 12 de outubro.
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