Há pouco tempo, lendo o respeitado jornal The Times, deparei-me com uma matéria excepcional. Eis o seu título: “Os crimes violentos na Escócia caíram em quase 50% ao longo da última década”.
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Diante de tão acentuada queda atirei-me à leitura do texto. Inicialmente contemplemos os números, fruto de pesquisa oficial. Constatou-se que a criminalidade em geral foi reduzida em 45% e a violenta em 48%. O estudo, que incluiu estimativas de subnotificação, encontrou ainda que a proporção de pessoas que foram vítimas de crime caiu de 20,4% em 2009 para 12,4% em 2019.
Estes são números absolutamente vistosos e consistentes, porquanto relativos a toda uma década. Chama a atenção, ainda, o fato de a pesquisa ser oficial, porém realizada com a ajuda da sociedade civil organizada.
Surge, então, a indagação: como conseguiram isso? Construindo mais prisões? Fundando esquadrões da morte? Torturando os presos? Isolando os marginais em guetos? Não. O principal fator, pasme, veio das escolas.
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Chegou-se à conclusão de que as escolas não deveriam desistir de nenhum aluno. Assim, os professores começaram a identificar crianças com problemas de comportamento, traumas etc. Aí entraram em cena assistentes sociais e a própria polícia, agindo preventivamente.
PublicidadeHavia aquelas crianças que, por conta da pobreza, viviam em comunidades problemáticas. Cuidou-se para que permanecessem o máximo de tempo possível nas escolas – que nelas pudessem divertir-se e aprender novos ofícios.
Transcrevo as palavras, infinitamente sábias, de Humza Yousaf, Secretário de Justiça: “A intervenção pronta e a prevenção foram, e continuam a ser, críticas nos esforços para manter a criminalidade baixa e as comunidades seguras”.
E as de Karyn McCluskey, chefe da Justiça Comunitária: “Mantenha as crianças engajadas e fora das ruas, se necessário até de suas casas nos casos de traumas intensos, e suas vidas serão transformadas”.
Pois é. Enquanto isso, moro no centro de uma capital, a poucos metros das sedes de vistosas instituições – sob cujas vistas as escolas vivem sitiadas por criminosos. Onde professores trabalham acuados pelo tráfico – que não raramente decreta até o fechar de portas. Este quadro é nacional e já começa a ser histórico. E não o enfrentamos. Vivemos iludidos, cercados pelo crime. Pobre Brasil!