O ex-candidato a presidente Guilherme Boulos (Psol) anunciou que vai entrar com processo contra a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por incitação a crime. Em publicação feita nas redes sociais, Marília compartilhou uma imagem que sugere que o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) será “recebido na bala” depois do decreto assinado nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro que facilita a posse de armas.
Ela já é processada pelo Psol por ter espalhado notícias falsas e difamatórias contra a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em março. Ainda no ano passado Marília causou polêmica ao escrever que duvidava da capacidade de uma professora portadora da síndrome de Down dar aulas.
Veja a postagem:
A publicação foi apagada, mas Boulos compartilhou uma cópia da imagem. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu abrir novo procedimento contra a desembargadora em função do post contra Boulos. Ela já responde a outros três por causa de suas declarações.
Leia também
Pelo Twitter, Boulos rebateu Marília: “Esta é a desembargadora Marília Castro Neves, do TJ do Rio de Janeiro. Já responde judicialmente por ofensas a Marielle Franco e outras postagens inadequadas. Um magistrado tem que ter equilíbrio, não pode incitar ao crime. Agora responderá mais uma ação judicial”.
Desembargadora que postou fake news sobre Marielle causa polêmica desde 1986, quando foi presa
PublicidadeDepois da resposta de Boulos, a desembargadora voltou às redes, reclamou de “censura” e disse ter exercido seu direito de expressão.
“Meus queridos amigos,
Muito obrigada pelo apoio!!!
É muito importante que lutemos contra esse tipo de censura – esse, sim, um discurso de ódio. Não tanto por mim, mas pela garantia do sagrado direito de expressão!!!
Se me calarem hoje, amanhã todos estaremos calados!!!
É ASSIM QUE COMEÇA A DITADURA!!!”
Esta não é a primeira vez que a desembargadora faz declarações dessa natureza na internet. No ano passado, ela publicou um texto em que acusava Marielle de “estar engajada com bandidos” e de ter sido “eleita pelo Comando Vermelho”. “Cadáver comum qualquer outro”, classificou.
Depois de ser acionada judicialmente e no Conselho Nacional de Justiça, Marília disse que “repassou de forma precipitada” notícias contra Marielle Franco. “A conduta mais ponderada seria a de esperar o término das investigações para então, ainda na condição de cidadã, opinar ou não sobre o tema.”
O Congresso em Foco não conseguiu localizar a desembargadora.