Preso há uma semana, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente da República Jair Bolsonaro, presta depoimento nesta quinta-feira (18) à Polícia Federal, em Brasília. Cid é investigado no inquérito que investiga a possibilidade de falsificação dos dados no cartão vacinal do ex-presidente da República.
O depoimento é considerado uma peça importante para o decorrer das investigações, que revelam a participação ativa de Mauro Cid na fraude no cartão de vacinação Antes de propor a mudança clandestina a Bolsonaro, Cid teria falsificado os dados de sua esposa, Gabriela Cid, fazendo constar nos sistemas do Ministério da Saúde que ela recebeu duas doses da vacina Pfizer contra a covid-19.
No caso de Bolsonaro, os dados vacinais apresentam as mesmas falhas dos cartões de Mauro e Gabriela Cid: as duas doses foram aplicadas em Duque de Caxias, no endereço IP de João Carlos Brecha, com apenas um minuto de diferença entre o momento de aplicação da primeira e da segunda dose do imunizante cuja a bula exige um intervalo mínimo de uma semana.
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Os registros da Corregedoria-Geral da União (CGU) também colaboram para a tese de que Bolsonaro não recebeu as doses. “O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro não esteve no município de Duque de Caxias/RJ no dia 13/08/2022, data em que teria tomado a 1ª dose da vacina da fabricante PFIZER, permanecendo na cidade do Rio de Janeiro até seu retorno para Brasília/DF às 21h25min”, ressalta a PF.
Além de Bolsonaro, Mauro Cid também garantiu a falsificação de dados de outros assessores e de um aliado no Congresso Nacional: o deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ) também apresenta irregularidades semelhantes em seu registro de vacinação. Os casos acumulados de irregularidades levaram Alexandre de Moraes a autorizar operações de busca e apreensão, bem como prisões preventivas contra diversos suspeitos do esquema.
Bolsonaro nega as denúncias. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (16) que nunca tomou conhecimento de qualquer iniciativa para falsificar o seu cartão de vacinação ou o de sua filha. De acordo com Fábio Wajngarten, seu advogado e ex-secretário de Comunicação, o depoimento durou cerca de três horas.
PublicidadeNo depoimento, Bolsonaro reiterou que nunca se vacinou contra a covid-19. Segundo o presidente, a sua filha Laura, hoje com 12 anos, também não tomou nenhum dos imunizantes disponíveis.