O partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL, teve duas candidatas nas eleições do ano passado que adquiriram, a menos de 48 horas das votações, mais de 10 milhões de santinhos, folders e demais materiais de campanha. A poucos dias do primeiro turno, a legenda reservou R$ 268 mil para duas candidatas ao posto de deputada estadual, no Ceará e em Pernambuco.
O total “mal parou nas contas de campanha de Gislani Maia e Mariana Nunes”, informa reportagem do jornal O Globo desta sexta-feira (22). Assinada por Igor Mello e Juliana Castro, a matéria informa que elas gastaram em gráficas praticamente todo o valor recebido entre 5 e 6 de outubro.
É mais um capítulo sobre as suspeitas de que o PSL operou, em vários estados, um esquema de “candidaturas laranjas” que se prestou à movimentação fraudulenta de dinheiro do fundo partidário, que é público – as movimentações suspeitas levaram à queda de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, na última segunda-feira (18), no ponto culminante da primeira grande crise no núcleo palaciano.
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Pelo mesmo motivo, balança na cadeira de ministro Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, suspeito de usar candidatas laranjas em benefício própria na eleição de Minas Gerais. de ter usado candidatas laranjas em benefício próprio em Minas Gerais. Reportagem da Folha publicada em 4 de fevereiro revelou que quatro candidatas do PSL em Minas receberam R$ 279 mil do comando nacional do partido, por indicação do próprio Marcelo, justamente com o objetivo de disputar a eleição.
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Ainda de acordo com a reportagem do jornal fluminense, Gislani Maia (3.501 votos), a candidata no Ceará, recebeu um total de quase R$ 151 mil, dos quais R$ 150 mil com origem na direção nacional do PSL, em 5 de outubro. Até aquela ocasião, Gislani não tinha recebido qualquer doação. Já no próprio dia 5, a dois dias do início do pleito, ela repassou quase R$ 143 mil para três gráficas, acrescenta a reportagem.
Os gastos de campanha de Gislani superam três vezes a receita eleitoral de Hélio Góes, candidato do PSL ao governo do Ceará, e em quase 18 vezes as contas do postulante do partido ao Senado, Márcio Pinheiro (despesa de R$ 8,5 mil). “E não recebeu nenhum centavo do PSL”, acrescenta o jornal.
“Gislani foi a única mulher a receber dinheiro do PSL no Ceará, embora o partido tenha tido outras 18 candidaturas femininas no estado. Além dela, apenas Heitor Freire, presidente da sigla no estado, foi beneficiado com recursos partidários. Freire foi eleito deputado federal e apresentou gastos de campanha de R$ 64,2 mil, menos da metade de Gislani. As notas fiscais do dia 5 de outubro apresentadas pela candidata à Justiça Eleitoral são pelo fornecimento de 4,8 milhões de santinhos, panfletos e botons, além de 20 mil adesivos para carros”, explica a reportagem.
“Mariana Nunes é outra candidata a movimentar grandes montantes de recursos às vésperas do primeiro turno. Apesar de ter obtido apenas 1.741 votos – ficando no 189º lugar na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco – ela teve recursos dignos de uma campeã de votos. Sua campanha custou R$ 127.860, segundo a prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral – mais do que líderes de votos do partido, como Janaína Paschoal (PSL-SP), deputada estadual mais votada da história do Brasil, que gastou R$ 58,4 mil”, continua o jornal.
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