A quebra de sigilo bancário do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) revela indícios de rachadinha também nos gabinetes do então deputado federal Jair Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), revela reportagem publicada nesta segunda-feira (15) pelo UOL.
As repórteres Amanda Rossi, Gabriela Sá Pessoa e Juliana Dal Piva tiveram acesso, em setembro de 2020, às quebras de sigilo bancário e fiscal de cem pessoas e empresas e desde então analisou as 607.552 operações bancárias. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou o uso dos dados das quebras de sigilos no processo do Flávio, mas o Ministério Público recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). As informações analisadas pelo UOL revelam também a existência de transações financeiras suspeitas feitas pela segunda mulher do presidente da República, Ana Cristina Siqueira Valle.
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O UOL detalha em quatro reportagens as operações bancárias envolvendo grande quantias de dinheiro, saques feitos em dinheiro vivo, por assessores da família Bolsonaro. A reportagem mostra também semelhanças entre as transações feitas no gabinete de Flávio, na Alerj, e nos gabinetes de Jair e Carlos.
Por oito anos, quando era deputado, Jair Bolsonaro empregou em seu gabinete Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina. Outros parentes da segunda esposa de Jair também foram empregados nos gabinetes de seus filhos Flávio e Carlos. Andrea teve o sigilo bancário quebrado por ter trabalhado também nos gabinetes dos dois filhos mais velhos do presidente.
Um ano e dois meses depois da sua exoneração, no gabinete do seu então cunhado, Ana ficou com todo dinheiro acumulado na conta de Andrea, R$ 54 mil (equivalente a R$ 110 mil, hoje).
Outro caso revelado pela reportagem é o de Mariana Mota, ex-chefe de gabinete de Flávio na Alerj. Segundo o UOL, ela fazia pagamento de despesas locatárias de uma quitinete, no centro da capital fluminense, onde morava Léo Índio, primo do então deputado estadual. O valor vinha da conta da então ex-chefe de gabinete e as transferências ocorreram ao longo do ano de 2007.
PublicidadePelo menos quatro funcionários que trabalharam para Jair, na Câmara dos Deputados, retiraram 72% de seus salários em dinheiro vivo. Eles receberam o equivalente a R$ 764 mil líquidos, entre salário e benefícios, e sacaram o correspondente a R$ 551 mil em dinheiro vivo.
Outros quatro funcionários do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro sacaram o equivalente a 87% de seus salários. Juntos, eles sacaram R$ 570 mil em dinheiro vivo. O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga se o vereador contratou “funcionários fantasmas” e se foi beneficiado por um esquema de rachadinhas.
A reportagem do UOL procurou Jair, Flávio e Carlos, mas os seus questionamentos não foram respondidos. O Congresso em Foco também procura os três. Este texto será atualizado caso eles se manifestem.