Em agosto, o presidente Bolsonaro trocou o comando da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, o ato provocou um intenso desconforto entre a instituição e o Planalto. Bolsonaro afirmou que a troca do superintendente Ricardo Saadi se deu por “questões de improdutividade”. O que foi desmentido pela própria Polícia Federal. O órgão disse que a troca estava prevista há meses, e havia partido de um pedido do próprio superintendente.
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O Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Estado de São Paulo (SINDPF-SP) afirmou que o presidente age com desrespeito e atenta contra a autonomia da PF.
Sob o comando de Saad, a polícia federal deflagrou importantes fases da Lava Jato no estado, implicando políticos, empresários e doleiros. Também houveram importantes operações contra milicianos no Rio.
Em 2019 Bolsonaro comentou por diversas vezes o desfecho de investigações em andamento, demonstrando ter tido acesso à informações privilegiadas sobre os casos e mais uma vez colocando em cheque a autonomia que o Governo daria à PF. Críticas às investigações da Polícia Federal também foram disparadas pelo presidente da República, quanto ao caso envolvendo Adélio Bispo, por exemplo.
Jair Bolsonaro também interferiu na Receita Federal. O mandatário determinou a substituição do superintendente do órgão no Rio de Janeiro, Mário Dehon, e dos delegados da Receita no Porto de Itaguaí (RJ) José Alex Nobrega de Oliveira, e na Barra da Tijuca, Fábio Cardoso do Amaral.
PublicidadeO presidente confessou que a insatisfação com a Receita se dera por questões pessoais. “Fizeram uma devassa na vida financeira dos meus familiares do Vale do Ribeira”, afirmou.
A escolha de Augusto Aras como procurador-geral da República (PGR) também acendeu a discussão sobre as barreiras que o Planalto colocou no caminho do combate à corrupção do país. O nome do PGR estava fora da lista tríplice, elencada pelos procuradores. A escolha desagradou membros do Ministério Público, que lançou uma nota dura contra o governo. Para os procuradores, a escolha fora da lista tríplice contraria uma tradição democrática.
Corrupção de pessoas próximas
As investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro começaram em 2018, após o Coaf encaminhar para o Ministério Público relatórios sobre movimentações atípicas, no período entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, na conta de Fabrício de Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro, que era deputado estadual no período.
Já o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, é alvo de duas investigações no Ministério Público do Rio de Janeiro que apontam irregularidades em seu gabinete na Câmara Municipal.
“O Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ) e a 8ª Promotoria de Justiça de Cidadania da Capital confirmam a existência de procedimentos sobre o tema (Carlos Bolsonaro), e esclarecem que as investigações estão sob sigilo”, informou o MP.
Os filhos de Bolsonaro e o próprio presidente negam terem envolvimento com qualquer movimentação ilícita de recursos públicos.
Mapeamento feito pelo jornal O Globo aponta ainda que desde 1991, quando o atual presidente Jair Bolsonaro foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal, ele e seus três filhos que também seguiram carreira política empregaram em seus gabinetes 102 pessoas com alguma relação de parentesco com sua família ou pessoas com relações de parentesco entre si. A reportagem afirma que há indícios de que várias dessas pessoas não trabalharam de fato nos cargos.
Mais recentemente, foi revelado pela Folha de S. Paulo, que o chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fábio Wajngarten, recebe dinheiro de empresas contratadas pela própria secretaria, por meio de uma empresa da qual é sócio. O secretário não vê conflito de interesses. Uma das clientes de sua empresa passou a ser líder de recebimentos de publicidade do Governo Federal em sua gestão. Mesmo após as revelações, o presidente manteve o secretário no cargo.
Sempre que o clã Bolsonaro é questionado sobre esquemas de corrupção, o presidente, seus filhos e parlamentares aliados afirmam que as denúncias acontecem para prejudicar o governo.
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