Nesta quarta-feira (8) o Facebook removeu dezenas de contas que divulgavam notícias falsas e violavam normas da plataforma. A ação atingiu contas associadas ao PSL e a assessores dos filhos do presidente Jair Bolsonaro.
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Para dar prosseguimento às investigações, parlamentares têm defendido a volta dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das fake news. A comissão está sem se reunir desde o início da pandemia. Presidida pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA), existe uma previsão para retorno em agosto, data estipulada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para retomada dos trabalhos presenciais no Senado. No entanto, essa definição depende do ritmo da pandemia.
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Nesse meio tempo, Coronel apresentou um requerimento (íntegra) pedindo os dados das contas derrubadas. Ele deverá analisar o conteúdo para decidir se haverá convocação dos envolvidos pela comissão. “Eu louvo a iniciativa do Facebook de banir essas contas inautênticas, que muitas foram utilizadas para pregar o ódio”, disse o senador, que também relatou o projeto de lei que visa a combater a disseminação das notícias falsas, aprovado recentemente pelo Senado.
A relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), disse que a investigação do Facebook vai no mesmo caminho das investigações promovidas no âmbito do colegiado. Para ela, os fatos de ontem pressionam para uma volta dos trabalhos.
Sobre a notícia de que o @Facebook teria tirado do ar perfis que disseminam notícias falsas ligados aos apoiadores do presidente, não chega a causar espanto para nós que temos trabalhado na #CPMIdasFakeNews desde o ano passado…
Publicidade— Lídice da Mata (@lidicedamata) July 8, 2020
A líder do Psol, deputada Fernanda Melchionna (RS), cobrou a retomada dos trabalhos. “Num momento de pandemia, que o Congresso funciona num sistema de deliberação remota não é plausível que a CPMI não retome seus trabalhos. O combate às fake news é urgente.”
Para Melchionna, a ação da empresa inaugura um novo capítulo de combate às fake news no Brasil. “Um novo capítulo porque vincula diretamente aos assessores, à família Bolsonaro e ao governo. Um novo capítulo porque é preciso que essas investigações que tramitam no STF, no inquérito das fake news, sejam aprofundadas”, disse a líder.
Integrante da CPMI, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o colegiado deve investigar os envolvidos. “Há gente recebendo dinheiro público para coordenar essas milícias digitais enquanto deveria estar trabalhando pelo país. A CPMI fará uma imensa devassa em todo esse esquema e não descansará enquanto não punir exemplarmente esses criminosos”, garantiu o senador.
Entenda o caso
De acordo com um informativo (íntegra) escrito por Nathaniel Gleicher, diretor de Cibersegurança da plataforma, ao todo, 35 contas; 14 páginas e 1 grupo desrespeitaram a “política contra interferência estrangeira e comportamento inautêntico coordenado” do Facebook. A mesma infração também foi detectada em 38 contas no Instagram, que pertence à companhia.
A ação não atingiu apenas o Brasil. Também foram localizados e removidos conteúdos no Canadá, Equador, Ucrânia e Estados Unidos. O Facebook não especificou quais páginas foram derrubadas no país, mas na imagem utilizada como exemplo é possível ver as páginas “Jogo Político” e “Bolsonaro News”.
Segundo a BBC, um dos operadores do esquema desbaratado é Tércio Arnaud Thomas, assessor especial da Presidência da República desde o início de 2019. Ele seria o administrador da página de Instagram @bolsonaronewsss.
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