Leonardo Volpatti e Fabio Monteiro Lima *
Com uma taxa de renovação de 87% no Senado e 53% na Câmara dos Deputados, o novo Congresso Nacional é formado por quase 20% de digital influencers (influenciadores digitais).
Digital influencers são aquelas pessoas que têm alta repercussão e audiência nas redes sociais e influenciam em alguma pauta. Muitos dos eleitos para ocupar as cadeiras têm, pelo menos, 180 mil seguidores no Facebook, enquanto um deputado federal tem, em média, 25 mil seguidores.
Entre os eleitos no Senado está Marcos do Val, eleito senador para representar o Espírito Santo, um policial que é influenciador no que se refere aos temas das armas de fogo e treinamento de polícia. Ele tem alto engajamento no Facebook.
Outro exemplo é Jorge Kajuru, radialista de profissão, vereador combativo que se gaba por ter “28 redes sociais”.
Capitão Styverson, alcançou enorme repercussão nas redes devido as ações em prol da tolerância zero em relação a Lei Seca em Natal, tornando-se senador pelo Rio Grande do Norte.
Muitos exemplos podem ser citados. No caso da Câmara dos Deputados, muitos dos influenciadores eleitos, se destacaram durante o processo de votação do Impeachment de Dilma Rousseff. Naquela ocasião, era comum “lives” e postagens, ao vivo, no salão verde e salão azul do Congresso Nacional, relatando os bastidores do Impeachment. Se destacam, Joyce Hasselman, Kim Kataguiri, Alexandre Frota, Carla Zambelli e entre outros. Todos tiveram uma enorme audiência nas redes e conseguiram fidelizar seus públicos até o período das eleições.
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PublicidadeA verdade é que a política, como é tradicionalmente feita, se tornou chata e sem audiência. Em um mundo dinâmico, com constante inovações tecnológicas, os políticos tradicionais parecem ter perdido espaço, se tornaram pessoas desprezíveis e intragáveis pela população.
Nesse contexto, as redes sociais tornaram-se o meio pela qual pessoas se conectam com “autenticidade” com outras pessoas “iguais a ela”. A democracia se reinventa e a política dá espaço para quem sabe se conectar e falar a linguagem da população. Em um momento de desconfiança generalizada, as pessoas querem conhecer os bastidores da política.
Por isso, podemos afirmar que a tendência é que o Congresso Nacional e as votações sejam, cada vez mais, assistidos por lives e pelas redes sociais do que pelo jornal impresso e jornais na TV. Diante disso, quem conseguir entender melhor esse novo jeito de se relacionar vai conseguir uma maior popularidade e um maior apoio para aprovar projetos e conseguir resultados políticos.
* Leonardo é cientista político e Fabio é advogado eleitoral. Eles são sócios-fundadores do grupo Levels – Inteligência em Relações Governamentais.
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