O youtuber Felipe Neto afirmou que, para impedir uma reeleição do presidente Jair Bolsonaro, irá apoiar qualquer candidatura nas eleições de 2022. “Vou apoiar qualquer coisa que chegue ao segundo turno contra o Bolsonaro. Seja Huck, Haddad, Lula, Marina, Ciro, Doria ou Tiririca”, declarou em entrevista ao jornal Estadão publicada neste sábado (21).
Ao fazer uma analogia com a recente eleição americana, em que o candidato democrata Joe Biden derrotou o atual presidente Donald Trump, o youtuber considerou que o “Brasil precisa derrotar o bolsonarismo como os Estados Unidos derrotaram o trumpismo”.
Indiciado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por supostamente divulgar material impróprio para menores, Felipe Neto citou “pressões” que, segundo ele, passou a sofrer após se declarar como opositor do governo federal. Para ele, o caso é “uma tentativa nefasta de silenciamento por parte de fundamentalistas da extrema-direita” que não dará em nada.
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Aos 32 anos, Felipe Neto tem 40 milhões de assinantes em seu canal no YouTube e 12 milhões de seguidores no Twitter. Desde as eleições de 2018, quando se posicionou contra Bolsonaro, ele passou a ser mais atuante na política e é considerado hoje um dos principais opositores do governo no ambiente digital.
“Realmente acreditei que, em algum momento, outros comunicadores com o meu tamanho de influência, ou maiores que eu, fossem se engajar na mesma intensidade. Isso não aconteceu”, lamentou ele.
Eleições municipais
Na última terça (17), Felipe Neto declarou voto em Guilherme Boulos (Psol) contra Bruno Covas (PSDB) para a prefeitura de São Paulo. O youtuber lembrou que, ainda que Covas não tenha o apoio de Bolsonaro, ele fez parte de todo o movimento BolsoDoria, uma aliança informal nas eleições de 2018 que incentivava o voto em Bolsonaro para presidente e em João Doria (PSDB) para governador de São Paulo.
“Bruno Covas tirou selfie com um sorriso de orelha a orelha ao lado do Bolsonaro. Bruno Covas tem como vice um sujeito que compõe a bancada religiosa, que foi acusado de violência doméstica e é investigado como possível envolvido na máfia das creches. Não dialogo com esse tipo de político”, disse.
Com a pandemia, Doria e Bolsonaro romperam e o presidente hoje enxerga o governador paulista como principal adversário em 2022, dado que ambos disputam o eleitorado da direita e centro-direita. Os dois politizaram as discussões em torno de uma vacina contra a covid-19.
Para o youtuber, os resultados do pleito deste ano apontam para uma “derrota contundente do bolsonarismo”. “As eleições serviram como termômetro da insatisfação do povo brasileiro com essa extrema-direita doentia e autoritária.”
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Neto também defendeu a união da esquerda, em especial do PT e do PDT. “Temos que colocar o PT e o PDT em um cercadinho e falar: “Vocês só saem daí quando acordarem para a realidade”. A desunião da esquerda não foi a grande causa da ascensão do bolsonarismo, mas sem dúvida contribuiu significativamente.”