Levantamento feito pelo jornal Correio Braziliense revela que grandes empreiteiras, instituições financeiras, indústrias siderúrgicas e mineradoras são os principais financiadores das campanhas de parlamentares que integram a cúpula do Congresso.
Empresas ligadas a esses setores injetaram R$ 18,8 milhões nas candidaturas de congressistas com maior influência no Poder Legislativo, escolhidos a partir de um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), aponta a matéria de Lúcio Vaz e Fernanda Guzzo.
Da lista do Diap dos dez mais influentes, apenas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que ainda estão na metade do mandato, não disputaram eleição este ano. A prestação de contas do senador José Sarney (PMDB-AP), que garantiu mais oito anos de mandato, ainda não estava na base de informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além dos três, compõem a relação dos mais influentes: o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP); o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP); o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM); o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP); o líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS); o líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ); e o líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
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Candidato derrotado ao governo de São Paulo, o senador petista Aloizio Mercadante teve uma campanha financeira farta. Apenas quatro de seus doadores contribuíram com R$ 4,7 milhões. A maior doação veio da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), R$ 1,5 milhão. Mercadante levantou um total de R$ 11,6 milhões em doações, cifra bem maior do que os R$ 710 mil arrecadados quando foi eleito senador em 2002.
A segunda maior campanha entre os cabeças do Congresso foi do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, que arrecadou R$ 1,4 milhão. Entre os seus principais doadores, aparecem empreiteiras, como as construtoras Camargo Corrêa, OAS e Coesa Engenharia, além da CSN e Urucum Mineração.
PublicidadeOutro aliado do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, compartilhou os mesmos financiadores com a cúpula petista. Só do grupo Camargo Corrêa, o comunista recebeu R$ 250 mil.
Entre os líderes da oposição, a maior campanha foi do senador Arthur Virgílio, que recebeu apenas 5,5% dos votos válidos na disputa pelo governo do Amazonas. O tucano arrecadou R$ 1,8 milhão, sendo R$ 767 mil do comitê financeiro do seu partido no estado.
O líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia, recebeu as maiores doações de mineradoras e siderúrgicas. Segundo ele, as empresas apóiam parlamentares "afinados com idéias de desenvolvimento, de expansão dos negócios". Aleluia afirma que nunca foi "cobrado" por seus financiadores, mas comentou que "diálogo há". "Sempre estou atendendo empresas que contribuem ou não."
Segundo o Correio, os grupos Camargo Corrêa e Klabin apostaram suas fichas tanto nos aliados do governo quanto na oposição, como é o caso do deputado reeleito Rodrigo Maia (PFL-RJ).
De acordo com o pefelista, as grandes empresas acabam procurando pessoas com maior representação porque querem abrir diálogo, não para ter alguma influência sobre o mandato. "O fato de eu ser líder do meu partido naturalmente acabou atraindo mais empresas desse porte", explicou. Ele diz que tem pouca ou nenhuma relação com os financiadores de sua campanha. "Ninguém nunca me pediu nada", afirma.
Renan e ACM arrecadaram juntos em 2002, quando foram eleitos para o atual mandato, R$ 1,5 milhão. O presidente do Senado foi financiado por empresas dos setores de petroquímica, papel e celulose e construção civil, no total R$ 767 mil. Os maiores doadores do senador baiano foram a Companhia de Seguros Aliança da Bahia, Vale do Rio Doce, Klabin e Ipiranga.
Veja a lista de doadores de campanha publicada pelo Correio:
"Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado – R$ 11,6 milhões
Companhia Siderúrgica Nacional, R$ 1,5 milhão; Ibar Adm. e Part., R$ 1,2 milhão; Banco Alvorada, R$ 1 milhão; Votorantin Finanças, R$ 1 milhão; Comitê Financeiro Único do PT/SP, R$ 947 mil; Finasec Securitizadora, R$ 500 mil; Embraer, R$ 400 mil; Itaú, R$ 300 mil; Unibanco, R$ 300 mil; Fratelli Vita Bebidas, R$ 300 mil; Norberto Odebrecht, R$ 300 mil; Diretório Nacional do PT, R$ 300 mil.
Henrique Fontana (RS), líder do PT na Câmara – R$ 428 mil
Nortox, R$ 50 mil; Marcopolo, R$ 50 mil; Agência de Viagens CVC, R$ 30 mil; Renasce Rede de Shoping, R$ 30 mil; Cibraprev Corretora de Seguros, R$ 30 mil; Henrique Fontana Júnior, R$ 30 mil; Henrique Fontana, R$ 26,5 mil; Roberto Maisonnave, R$ 25 mil; H. Fontana e Cia, R$ 20 mil; DHB Indústria e Comércio, R$ 15,5 mil; Douz Frangosul, R$ 10 mil
José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da minoria na Câmara – R$ 1,2 milhão
Minerações Brasileiras Reunidas, R$ 200 mil; Instituto Brasileiro de Siderurgia, R$ 150 mil; Aliança Navegação e Logístiva, R$ 100 mil; Partido da Frente Liberal, R$ 84 mil; Vicunha Têxtil, R$ 79 mil; Grandene, R$ 65 mil; Cia de Ferros Liga da Bahia, R$ 60 mil; Klabin, R$ 50 mil; Firmino Ferreira Sampaio, R$ 50 mil; GFV Participações, R$ 40 mil; São Paulo Alpargatas, R$ 34,4 mil; Ibar Participações, R$ 30 mil; Wirex Cable, R$ 30 mil; Bolsa de Mercadorias e Futuros, R$ 30 mil; Cia de Tecidos Cedro, R$ 24 mil; Carbonífera Cricuíma, R$ 20 mil.
Arlingo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara – R$ 1,4 milhão
Camargo Corrêa, R$ 170 mil; Construtora OAS, R$ 150 mil; Urucum Mineração, R$ 100 mil; Aliança Navegação, R$ 100 mil; Diretório Regional do PT, R$ 100 mil; Genpro Engenharia, R$ 80 mil; Companhia Siderúrgica Nacional, R$ 70 mil; Bertin Ltda, R$ 50 mil; Heber Participações, R$ 50 mil; Votorantin Celulose, R$ 50 mil; Diretório Nacional do PT, R$ 50 mil; Consdon Engenharia, R$ 50 mil; Coesa Engenharia, R$ 50 mil; Comitê Financeiro Único do PT/SP, R$ 43 mil
Aldo Rebelo (PCdoB-SP), presidente da Câmara dos Deputados – R$ 1,4 milhão
Camargo Corrêa, R$ 250 mil; Companhia Siderúrgica Nacional, R$ 100 mil; Comitê Financeiro Único do PC do B/SP, R$ 83,8 mil; Usina Caeté, R$ 80 mil; Embraer, R$ 70 mil; Votorantin Celulose, R$ 50 mil; Biolab Farmacêutica, R$ 50 mil; Bolsa de Mercadorias e Futuro, R$ 50 mil; Sistema de Engenharia e Arquitetura, R$ 50 mil; Profac Engenharia, R$ 40 mil; Fratelli Vita Bebidas, R$ 40 mil; Construtora Norberto, R$ 40 mil; Conselho dos Exportadores de Café, R$ 40 mil; Cia de Petróleo Ipiranga, R$ 30 mil.
Arthur Virgilio (AM), líder do PSDB no Senado e candidato derrotado ao governo do Amazonas – R$ 1, 8 milhão
Comitê Financeiro do PSDB no Amazonas, R$ 767 mil; Vivaxs, R$ 250 mil; Fratelli Vita Bebidas, R$ 150 mil; Whirl Pool, R$ 120 mil; Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, R$ 100 mil; Bolsa de Mercadorias e Futuro, R$ 60 mil
Rodrigo Maia (RJ), líder do PFL na Câmara – R$ 983 mil
Ronaldo Cezar Coelho, R$ 150 mil; Enesse Comércio, R$ 120 mil; Associação Imobiliária Brasileira, R$ 100 mil; Bolsa de Mercadorias e Futuro, R$ 80 mil; Aracruz Celulose, R$ 60 mil; Construtora Camargo Côrrea, R$ 50 mil; Klabin S/A, R$ 50 mil; Unipar Petroquímica, R$ 50 mil e Rede Nacional de Shopping Centers, R$ 50 mil.
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. (Eleito em 2002) – R$ 767 mil
Trikem, R$ 250 mil; CBF, R$ 100 mil; Gerdau, R$ 100 mil; Via Dragados, R$ 100 mil; Petropack Embalagens, R$ 99,7 mil; Santa Bárbara Engenharia, R$ 80 mil e Companhia Suzano de Papel e Celulose, R$ 34, 5 mil
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). (Eleito em 2002) – R$ 717 mil
Companhia de Seguros Aliança da Bahia, R$ 100 mil; João Carlos Di Gênio, R$ 100 mil; Navegação Vale do Rio Doce, R$ 100 mil; Klabin, R$ 82 mil; Ipiranga, R$ 60 mil; Aracruz Celulose, R$ 50 mil.
José Sarney (PMDB-AP)
Não há dados disponíveis no TSE
Fonte: TSE e Transparência Brasil"
TSE recebeu 12.621 prestações de contas
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que foram entregues 12.621 prestações de candidatos e comitês de campanha até o início da tarde de ontem (6). No total, são 19.959 candidaturas registradas pela Justiça eleitoral.
O prazo máximo para que os candidatos que disputaram o segundo turno repassem ao TSE os documentos necessários sobre as contas de campanha acaba no próximo dia 28. No primeiro turno, somente 61,09% das 19.959 candidaturas entregaram suas prestações de contas ao TSE, em um balanço feito no dia seguinte ao prazo final (31 de outubro).
PGE vai analisar fusão do PTB com o PAN
O ministro José Delgado, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), abriu vista à Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) para que ela se pronuncie sobre a incorporação do Partido dos Aposentados da Nação (PAN) ao PTB. A fusão partidária ocorreu durante a convenção nacional do PTB, no dia 6 de outubro, e precisa ser homologada pelo TSE. Durante a convenção do PTB, também ocorreu a eleição do novo diretório nacional e da executiva nacional do PTB. O deputado cassado Roberto Jefferson permanece na presidência do partido.