Mário Coelho
A varredura nas instalações da Câmara Legislativa do Distrito Federal, para procurar grampos ambientais e nos telefones, depende dos deputados distritais. De acordo com o diretor-geral da Polícia Civil, Pedro Cardoso, uma data será combinada com a presidência do Legislativo local. “Entramos em contato com os deputados para saber qual o melhor momento”, disse o delegado ao Congresso em Foco. Na sexta-feira, o site divulgou com exclusividade que três pessoas foram presas acusadas de instalar aparelhos de escuta no prédio da Câmara.
O pedido de varredura foi feito ontem (8) por deputados distritais da oposição em reunião com Pedro Cardoso na sede da Polícia Civil. Segundo o diretor-geral, é preciso saber se o procedimento será feito pela manhã, antes do início dos trabalhos, ou no fim da tarde. Cardoso afirmou que é necessário esvaziar as dependências da Câmara, além de registrar funcionários que acompanharão as movimentações. Ele acrescentou que a varredura será feita por policiais da seção de Inteligência do Departamento de Atividades Especiais (Depate) da Polícia Civil. Presos por policiais da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (DECO), dois policiais civis de Goiás e um servidor do gabinete do deputado Benedito Domingos (PP) foram autuados enquanto tentavam instalar aparelhos de escuta próximos à sala da liderança do PT e dos gabinetes dos deputados Jaqueline Roriz (PMN) e Erika Kokay (PT).
Enquanto a os policiais brasilienses investigam o caso, o secretário de Segurança de Goiás, Ernesto Roller, determinou que a Corregedoria da Polícia Civil goiana instale um processo de investigação administrativa contra os dois agentes. De acordo com o órgão, eles são donos de uma empresa de vigilância no estado. Como policiais, eles não estão autorizados a realizar trabalhos de investigação particular. Hoje, Cardoso determinou que o delegado responsável pelo caso, Guilherme Henrique Nogueira, chefe da DECO, repasse todas as informações apuradas até o momento aos colegas goianos.
“O caso ainda está em investigação, a perícia no lap top apreendido com os policiais ainda não foi realizada. Daremos a resposta necessária à população”, afirmou Cardoso. Segundo o diretor-geral, duas linhas de investigação são analisadas. Ou os policiais foram à Câmara na tentativa de vender um serviço – a arapongagem de distritais – ou já estavam atuando como espiões dos deputados de oposição.
O presidente da Câmara, Wilson Lima (PR), afirmou na tarde de hoje que conversou com o secretário de Segurança Pública do DF, Valmir Lemos, e reforçou o pedido de varredura. “A Mesa Diretora vai se reunir e definir isso”, disse Lima. O líder do PT, Paulo Tadeu, informou que vai se encontrar com o procurador-geral do Ministério Público do DF (MPDF), Leonardo Bandarra, para pedir o apoio da instituição na investigação do caso. “Não é a primeira vez que isso aconteceu no Distrito Federal”, declarou o petista, lembrando que em outras ocasiões vieram á tona denúncias de casos de arapongagem na capital do país.
Em 2006, a então procuradora-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do DF, Cláudia Fernanda Oliveira, foi vítima de grampos ilegais. As gravações, que continham conversas pessoais da procuradora, foram divulgadas à imprensa. Na época, ela acabou sendo grampeada por conta de investigações sobre denúncias de contratos irregulares em empresas públicas de Brasília.
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