O presidente Jair Bolsonaro prometeu indicar até a próxima sexta-feira (16) o nome que vai suceder Raquel Dodge no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele, contudo, ainda não se reuniu com os três candidatos da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Quem ficou com esta missão foi o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Antonio de Oliveira, que, em entrevista divulgada neste sábado (10) pelo jornal O Estado de São Paulo, disse que o governo procura um perfil que um perfil que dê estabilidade institucional para o país. Ele ainda admitiu a possibilidade de o presidente escolher um nome de fora da lista tríplice para assumir a PGR, que, na opinião dele, se apequenou em alguns momentos dos últimos anos.
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“A lista é uma iniciativa própria da associação, ela não tem previsão constitucional nem legal de existir. É só uma previsão da associação, que é legítima. Há, num primeiro momento, a possibilidade clara da recondução da atual procuradora, Raquel Dodge, que fez um trabalho muito bom. Eu conversei pessoalmente com os três da lista, com o doutor Augusto Aras, com Lauro (Cardoso, procurador regional). Todos são extremamente preparados”, afirmou Jorge Antonio de Oliveira ao ser questionado sobre o motivo de o presidente não ter se reunido com os candidatos da lista tríplice. “Ele recebeu o presidente da associação, trazendo os indicados”, desconversou, dizendo que Bolsonaro “está com um bom problema porque são bons nomes”.
O secretário-geral da Presidência admitiu ainda que será escolhido um nome que não atrapalhe o governo. “A gente busca um perfil que dê estabilidade institucional, sem viés ideológico, nem para um lado nem para o outro, mas que tenha um compromisso com temas maiores para o País. Não se pode apequenar a importância da PGR. […] Não vou citar alguém específico, mas, em outros momentos, a gente percebia uma atuação que apequenava o Ministério Público. Às vezes, pautando temas menores, os temas maiores ficavam lateralizados. Cada tema tem a sua importância, mas também tem seu locus de discussão e potencialização. O Brasil tem graves problemas estruturais, como contas públicas desgastadas e desemprego. O Brasil precisa crescer, então tem de haver um pacto entre os Poderes, até sublimar questões político-partidárias. O compromisso tem de ser esse”, disse Oliveira, para quem esta será a escolha mais importante do mandato do presidente. “É uma posição extremamente chave dentro do Estado”, justificou o secretário-geral.
Está nas mãos da Procuradoria-Geral da República, por exemplo, a missão de determinar se a força-tarefa da Operação Lava Jato continuará operando em Curitiba. Conforme publicado neste sábado pelo jornal Folha de São Paulo, o prazo de operação da força-tarefa expira em dia 9 de setembro e caberá à Raquel Dodge a decisão sobre a sua renovação. Segundo diálogos atribuídos aos procuradores da Lava-Jato que foram divulgados nessa sexta-feira (9) pelo site The Intercept, Dodge era vista como um entrave à operação em Curitiba, tanto que a força-tarefa teria tentado atingir a imagem da procuradora-geral vazando informações na imprensa.
Antes da divulgação dessas informações, os procuradores da Lava-Jato, junto com os das operações Zelotes e Greenfield, defenderam que o presidente escolha um dos três membros da lista tríplice para ser o sucessor de Dodge. “A lista tríplice tende a promover a independência na atuação do procurador-geral em relação aos demais Poderes da República, evitando nomeações que restrinjam ou asfixiem investigações e processos que envolvam interesses poderosos, uma vez que o PGR tem, por exemplo, ampla influência sobre o devido e necessário encaminhamento de colaborações premiadas e inquéritos que investigam autoridades com foro privilegiado”, afirmaram os procuradores em nota publicada na última quarta-feira (7). Procuradores-chefes de todo o país e entidades de combate à corrupção também já anunciaram apoio à lista tríplice.
Estão na lista tríplice, formada por eleição da Associação Nacional dos Procuradores da República que contou com a participação de 82% dos membros do Ministério Público Federal de todo o país, os procuradores Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul.