A conclusão do senador será apresentada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, que decidirá o destino da ideia. O texto sugerido aos senadores prevê que o uso da maconha seja regulamentado, a exemplo do que ocorre hoje com bebidas alcoólicas e cigarros. Estabelece, ainda, que seja considerado legal “o cultivo caseiro, o registro de clubes de cultivadores, o licenciamento de estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo e a regularização do uso medicinal”.
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Cristovam quer saber dos consultores como estão os processos de legalização da maconha em outros países, quais são os impactos científicos e econômicos da medida, seus benefícios e custos. O estudo solicitado pelo senador também deve indicar se a liberação contribui para o aumento ou diminuição do consumo da droga.
Em dezembro do ano passado, o Senado uruguaio aprovou a legalização da produção, distribuição e venda da maconha sob controle do Estado. Pela lei uruguaia, o usuário pode comprar até 40 gramas de maconha por mês, em farmácias, e cultivar até seis pés da erva individualmente. Esse número sobe para 99 plantas caso os usuários se reúnam em clubes com 15 a 45 integrantes. O governo do país vizinho defende a medida como forma de reduzir o poder do narcotráfico e a dependência dos uruguaios de drogas mais pesadas.
Aprofundar o debate
Em entrevista à Agência Senado, Cristovam Buarque diz que pediu orientação à Consultoria Legislativa, ao assumir a relatoria da sugestão, por sentir a necessidade de aprofundar o debate. “Eu não vou devolver o processo, só porque é um tema tão polêmico. Eu vou assumir a responsabilidade de fazer um relatório com a posição que eu achar mais correta”, afirmou.
PublicidadeO pedetista também defendeu que o Congresso dê atenção especial às sugestões encaminhadas pela sociedade. “Não podemos rasgar o que o povo manda. Precisamos discutir e ter coragem de fazer um relatório e depois tomar uma decisão”, declarou à Agência Senado.
Traficante e usuário
A chamada Lei Antidrogas (11.343/2006) proíbe o uso de substâncias entorpecentes, “bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas”. A lei estabelece punições diferentes para usuários e traficantes. Quem for flagrado comprando, guardando ou transportando droga para consumo pessoal está sujeito a advertência, prestação de serviço à comunidade e a medida educativa de comparecimento a programas ou cursos.
Já os traficantes podem ser condenados de cinco a 15 anos de prisão, além do pagamento de multa. Cerca de 20% dos 550 mil presos brasileiros estão privados da liberdade por terem sido enquadrados no crime de tráfico de drogas. A lei, no entanto, não estabelece critérios objetivos para diferenciar o usuário do traficante. A decisão cabe ao juiz.
Audiências
Até o fim de março, a Comissão de Direitos Humanos do Senado deve promover um debate amplo sobre a questão das drogas. “Esse é um tema que todo mundo sabe que é controverso. Em uma audiência pública a questão pode ser discutida com mais rigor pelos defensores e críticos das drogas”, defendeu o ex-presidente do colegiado, senador Paulo Paim (PT-RS), em declaração à Agência Senado.
A legalização da maconha é a segunda proposta a alcançar os 20 mil apoios exigidos pelo Portal e-Cidadania para começar a ser analisada pelos senadores. A primeira sugestão a começar a ser debatida foi a que prevê a regulamentação das atividades de marketing de rede, distinguindo-o do esquema em pirâmide. A senadora Vanessas Grazziotin (PCdoB-AM) prepara parecer sobre o assunto, que também será submetido à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.
Legalização da maconha aguarda aprovação dos senadores para tramitar