Mário Coelho
A tentativa de suborno do jornalista Edmílson Edson dos Santos, o Sombra, não rendeu apenas a prisão do funcionário público aposentado Antônio Bento da Silva. Edson Sombra entregou aos agentes federais registros que comprometem o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido). Entre eles, mais de 12 horas de gravações em áudio e vídeo, além de um bilhete escrito pelo governador que, de acordo com ele, prova a intenção de subornar a testemunha. Bento foi preso ontem (4) pela Polícia Federal numa doceria no bairro Sudoeste, em Brasília.
O bilhete foi entregue por Sombra à PF antes do flagrante. Como o site mostrou ontem, ele e outras testemunhas foram procuradas por emissários do governador. Segundo o jornalista, o dinheiro era oferecido para que as testemunhas mudassem suas versões na tentativa de desacreditar as denúncias feitas pelo ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa. De acordo com o portal iG, o manuscrito foi periciado pela Polícia Federal, que confirmou a autenticidade: a letra é mesmo de Arruda.
Sombra, antes de ser procurado por Bento, encontrou-se com o deputado distrital Geraldo Naves (DEM). De acordo com o jornalista, o deputado entregou o bilhete do governador. No papel, aparecem frases como “sei que ele tentou evitar”, “quero ajuda”, “sou grato”, “Geraldo está valendo” e “GDF OK”. Naves, no entanto, deixou de procurar Sombra. Segundo o iG, o jornalista passou a ser procurado por outra pessoa: Welington Moraes, secretário de Comunicação do governo do Distrito Federal. Ambos negam ter procurado Sombra para fazer qualquer tipo de oferta.
Como o Congresso em Foco mostrou ontem, Bento deixou claro a Sombra que estava falando no nome de Arruda e que o dinheiro era para o jornalista desacreditar, em depoimento, as gravações em poder da PF contra o governador. Ele confirmou aos policiais federais, em depoimento, que o suborno seria feito a mando de Arruda. E que, no total, o dinheiro chegaria a R$ 1,2 milhão, pagamento dividido em seis parcelas.
Ele contou inclusive que esteve “várias vezes” na residência oficial de Águas Claras para receber instruções. A escolha de Bento para ser o emissário do suborno é simples. Ele e Sombra se conhecem há muitos anos, desde os tempos em que o funcionário público trabalhava na Companhia Energética de Brasília (CEB). Quando se aposentou, teve um emprego prometido pelo governador, mas não aceitou. Sombra, então, ofereceu um emprego de gerente comercial em um jornal de sua mulher, Wânia.
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