Quando deputado federal fiz, a trabalho, inúmeras viagens para o exterior. Em todas elas observei o comportamento dos brasileiros, claro que de classe média, uma vez que pobre não tem dinheiro para viajar para o exterior. Muitas vezes, passei vergonha.
Se anotasse, daria um livro e poderia até se chamar “A vergonha alheia”. Mas ocorre que estas pessoas se consideram inteligentes, engraçadas, simpáticas, charmosas e bonitas. Sendo assim, podem tudo. Sem nenhuma autocrítica, não sabem que são imbecis, idiotas ou cretinos…
Um brasileiro passou, pegou uma garrafa e gritou para a família que ia mais à frente: “Fulano, sicrana, querem água?”. Todos responderam que não, mas ele pegou três garrafas e não depositou dinheiro nenhum. Ele chamou a atenção de muitas pessoas, que não sei se entenderam o que ele falava, mas eu, que entendi, passei vergonha por ele.
Agora, na Rússia, ocorre coisa pior. Um grupo se aproveita de uma jovem russa, que nada entende de português, para gritar uma frase agressiva e pedir à vítima que a repetisse. Ela,
sem saber o significado da frase, com eles gritou que tem a “b*** rosa”. Festejaram, riram e humilharam as mulheres não só da Rússia, mas do mundo, principalmente as brasileiras.
Neste caso, além de passar vergonha pelo que fizeram com a mulher, estou indignado. Como pode um grupo de homens, no caso brasileiros, fazer o que fizeram? Chego a achar que fazem parte daquele grupo de idiotas que se vestiam de verde e amarelo e iam para as ruas gritar “Fora Dilma”, “Dilma vaca” e até mesmo os que foram para o estádio na Copa do Mundo de 2014 gritar: “Ei, Dilma, vai tomar no c*!”.
Deviam, na Rússia, como na Copa de 2014, estar se achando o máximo.
Mas o machismo e o péssimo comportamento de brasileiros na Copa da Rússia não pararam por ai. Circulou nas redes sociais um repugnante vídeo de outro brasileiro fazendo piada homofóbica que agride qualquer pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade humana.
No vídeo, um homem pede a um garoto que não fala e nem entende português, possivelmente uma criança russa, que repita com ele a seguinte frase: “eu sou um filho da puta”. Não satisfeito pede ainda que ele fale: “Eu sou um viado”.
É repugnante o comportamento deste homem, que, não satisfeito, continua pedindo para o menino repetir as frases que ele dita e insiste para que o garoto diga: “Eu dou para o Neymar”.
Há ainda um terceiro vídeo em que dois homens se acercam a três mulheres russas e pedem para elas repetirem a frase “Eu quero dar a b*** para vocês”.
Ainda durante a semana passada, surge um quarto vídeo em que um brasileiro aparece pedindo para uma mulher russa falar: “Você vai dar para todo mundo de Montes Claros”.
Quando pensamos que este tipo de comportamento, que é vexame internacional e exposição explícita do comportamento dos brasileiros no mundo, havia terminado, aparece o caso da jornalista Barbara Gerneza, correspondente do IG Esporte, que foi vítima de um grupo de 14 torcedores, a maioria com a camisa amarela, aquela do Brasil-Golpe, que cantam uma música pejorativa. Um deles tenta beijá-la.
O governo (Temer e quadrilha) brasileiro constituído após o golpe, preocupado em entregar nossa riqueza para o capital internacional, em organizar o golpe na Venezuela e em destruir os direitos dos trabalhadores, não emitiu nenhuma nota condenando este tipo de prática.
A Rede Globo, que construiu e apoiou este tipo de comportamento durante a construção do golpe, agora se comporta como uma vestal, identificando cada um dos machistas imbecis e cobrando punição. Claro que devem ser identificados e punidos moralmente e criminalmente. Mas que moral tem a Globo, que na Copa de 2014, quando a torcida gritava “Ei, Dilma, vai tomar no c*!”, se calava, quando não se alegrava.
Punição a todos os envolvidos, e que ela ocorra ainda na Rússia.
*Dr. Rosinha, médico pediatra e servidor público, é presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Paraná.