Renata Camargo
Em reunião na noite de ontem (27), parlamentares da bancada do PT na Câmara Legislativa do Distrito Federal decidiram entrar com pedido de abertura de processo por ação de crime de responsabilidade contra o governador do DF, José Roberto Arruda (DEM). Com base na Lei Orgânica do DF, os petistas vão apresentar formalmente ao plenário da Casa a denúncia de envolvimento do governador em suposto esquema de corrupção.
O grampo que compromete José Roberto Arruda
As suspeitas foram levantadas pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, deflagrada ontem. O inquérito produzido pela PF e pelo Ministério Público apresenta esquemas de fraude em licitação, pagamento de propina, crime eleitoral e outros. Além de Arruda, estão envolvidos também o secretário de Educação, José Luiz Valente, o secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa (autor das denúncias), o chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, o assessor de imprensa do GDF, Omézio Pontes, e o chefe de gabinete de Arruda, Fábio Simão.
Segundo a deputada distrital Érika Kokay, a ação por crime de responsabilidade pode levar ao impeachment do governador do DF. A distrital explica que a bancada petista decidiu abrir processo apenas contra o governador, para evitar que a abertura de processo contra os demais envolvidos tire o foco da ação.
“Essa situação é extremamente grave para a Câmara Legislativa não querer exercer uma investigação. A Lei Orgânica é muito clara, devemos investigar o governador por crime de responsabilidade. E não queremos diluir isso. Vamos focar no processo contra o governador, porque primeiro, o Arruda tentou jogar para a Câmara, dizendo que o problema era com os deputados. E depois quis diluir sua responsabilidade exonerando os secretários”, argumentou Érika.
Arruda afasta secretários e funcionários acusados
O PT regional decidiu também entrar com processo por quebra de decoro parlamentar contra os deputados distritais Leonardo Prudente (DEM), Pedro do Ovo (PMN), Eurides Brito (PMDB) e Rogério Ulysses (PSB), acusados de receber propina para aprovar projetos e emendas de interesse do governo do DF.
Segundo Érika Kokay, também ficou deliberada na reunião da bancada o pedido de instalação da CPI da Corrupção e a convocação de uma reunião com diversas entidades da sociedade civil para lançar um movimento pela ética na política. “Isso que vimos é apenas a ponta do iceberg”, considerou.
A Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal também analisa o inquérito da PF para definir se pedirá ou não o impeachment de Arruda. A presidente da OAB-DF, Estefânia Viveiros, informou que os advogados darão o parecer sobre o inquérito, para considera se há elementos para pedir a saída do governador do DF.
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