“Ambos os extremos estão perdendo a racionalidade. Pior coisa que pode acontecer para a democracia é essa guerra que aparenta ser entre o bem e o mal. A polarização não é inteligente, está faltando bom senso”, afirmou à coluna o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Enquanto o PT se reafirma, após o congresso partidário ontem, como líder exclusivo da esquerda contra Bolsonaro, o PSB abre outra frente em busca de espaço.
Vai realizar esta semana a Conferência Nacional de Autorreforma para construir um discurso fora da polarização. Quer algo forte que encontre ressonância no eleitorado.
O PSB, como outros partidos que fazem oposição a Bolsonaro, não quer orbitar ao redor do PT. “Temos vida própria e uma história anterior de construção de esquerda no país.”
Exclusivismo
Siqueira critica a estratégia petista de candidaturas próprias para as eleições municipais do ano que vem, anunciada no Congresso do PT.
Entendo que é direito deles, mas essa via exclusivista não contribui para o momento de anormalidade democrática, que pede ampliação de forças, unidade para evitar retrocessos.”
Para as próximas eleições municipais, o PSB pretende estar mais próximo do PDT, e conversa com PV e Rede.
Acredita que é possível estar com o PT, mas se este ficar mais aberto. “O PT está num indicativo isolacionista . Mas a vida não é de mão única. É preciso também apoiar para ser apoiado.”
No centro do debate do PSB está a crise do sistema partidário. A perda de força de legendas tradicionais para partidos esvaziados de quadros é o que leva o PSB a uma autoanálise.
Reestruturar passa diretamente por democratizar a participação, segundo Siqueira.
Consulta pública
O PSB procura agora se aproximar da militância e do eleitorado em geral com uma nova forma de se comunicar. O partido, que chegou a estar perto da Presidência da República em 2014, tenta se reposicionar no cenário atual, ainda com o vazio deixado pela morte de Eduardo Campos.
Representantes do PSB explicam que o processo renovação passará por um ano de debates, que incluem consulta pública. Mas, de forma alguma, pensam em mudar a sigla.
A Conferência ocorre entre 28 e 30 de novembro, no Rio de Janeiro. Vai reunir cerca de 300 dirigentes do partido, parlamentares, gestores, representantes de movimentos temáticos, entre outros.
Durante o encontro, os participantes debaterão sobre o documento “Autorreforma do PSB – Subsídios para Elaboração do Programa Partidário (Provocação ao Debate)”. O texto foi elaborado com a contribuição de mais de 30 especialistas em suas áreas e aborda cinco eixos temáticos: reforma política; desenvolvimento, cultura e meio ambiente; políticas sociais; economia: prosperidade, igualdade e sustentabilidade; e socialismo e democracia.
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