Sônia Mossri |
No Congresso, o governo tem uma tarefa difícil pela frente: colocar na ordem do dia a tramitação da reforma política. PMDB e PT são favoráveis, enquanto PTB, PP e PL não aceitam os principais pontos. Além disso, o projeto de Parcerias Público-Privadas (PPP) e as medidas provisórias do novo modelo do setor elétrico – em tramitação no Senado – não possuem consenso. A orientação do presidente Lula é movimentar os partidos aliados para a aprovação dos projetos, dando o recado claro de que o governo não perdeu o controle da base aliada em decorrência do caso Waldomiro Diniz. As lideranças da base aliada já manifestaram ao ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, que os parlamentares estão insatisfeitos com o bloqueio de verbas. O governo prometeu liberar quase R$ 2 bilhões no final do ano passado. Até agora, os parlamentares não viram um centavo disso. Publicidade
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Oficialmente, a maior parte dos líderes prefere nem falar sobre o assunto. “Isso nem foi tocado nas reuniões que tivemos”, disse o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR). Ele continua defendendo a posição de que não há necessidade de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar o escândalo Waldomiro Diniz. O líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE), considera que, independente do caso Waldomiro Diniz, o governo precisa cumprir a promessa de liberação das verbas de emendas dos parlamentares. Segundo ele, em 2003 os deputados quase não contaram com os recursos do Orçamento da União. PublicidadeA situação mais delicada para o governo é no Senado. Há uma insatisfação generalizada no PMDB. Os senadores não gostaram dos resultados da reforma ministerial e prometem voltar com a exigência de cargos, basicamente diretorias e presidência de empresas estatais. Essa distribuição de cargos é coordenada pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e pelo líder do partido na casa, Renan Calheiros (AL). O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) afirma desconhecer qualquer negociação em torno de cargos. Cauteloso, ele avalia que o partido deve esperar o desenrolar das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público antes de definir contra a criação de uma CPI no Congresso sobre o caso. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) defende a realização de uma CPI para apurar as atividades de Waldomiro Diniz. Mesmo ressaltando a qualidade e o rigor ético de José Dirceu, ela observa que o PT exigiria uma CPI se episódio semelhante ocorresse no governo Fernando Henrique Cardoso. |