A Polícia Federal abriu nesta sexta-feira (12) um inquérito contra o ex-presidente Lula para apurar as denúncias feitas pelo empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, um dos condenados no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Acusado por Valério de participar do esquema de compra de apoio parlamentar, Lula não estava entre os investigados no julgamento realizado no segundo semestre de 2012, que resultou na condenação de 25 réus e na absolvição de outros 12.
A investigação será conduzida pela delegacia de crimes financeiros da PF, atendendo a pedido de abertura de inquérito foi protocolado na última segunda-feira (8) pela Procuradoria da República no Distrito Federal. O pedido de abertura de nova investigação tem como base depoimento prestado por Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República em setembro, ainda durante o julgamento daquela ação penal.
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Na ocasião, o empresário envolveu o ex-presidente no caso, dizendo que ele não só tinha conhecimento do esquema de compra de apoio político no Congresso, por meio de dinheiro de bancos e empresas públicos e privados, como comandava tudo à distância. Isso era possível, segundo Valério, por meio de interlocutores como o ex-ministro da Casa Civil de seu governo, José Dirceu, condenado a dez anos e dez meses de prisão em regime fechado, além do pagamento de multa de R$ 676 mil por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Na iminência da abertura das investigações, o governo Dilma se apressou em manter o clima de normalidade institucional ante as complicações de uma autoridade que até 2010 chefiava os órgãos federais. Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, garantiu que a PF dispõe da autonomia necessária para conduzir investigações sobre Lula, lembrando seu papel republicano. Para o ministro, a PF não está submetida a qualquer interferência, seja qual for a natureza das pressões externas.
Negócio da China
Em nota divulgada na última sexta-feira (5), a Procuradoria informou que a investigação vai ser dirigida a um suposto repasse de R$ 7 milhões da Portugal Telecom, em Macau, na China, ao PT, por meio de contas no exterior. O empresário acusou Lula de ter participado das negociações com o então presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta. A Procuradoria solicitou diligências à PF para identificar a data do encontro citado por Marcos Valério.
No sábado (6), por meio de nota, Dirceu criticou a posição da Procuradoria e disse que o mensalão sequer existiu, e que não há elemento que justifique nova apuração sobre o caso. Para o ex-ministro, não há “qualquer prova” da existência do esquema e o próprio Supremo já se manifestou contrariamente à abertura de investigações para apurar as denúncias feitas por Marcos Valério contra Lula.
Dirceu critica investigação de Lula no mensalão
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