Renata Camargo
A perda da biodiversidade no mundo custa de 2 a 4,5 trilhões de dólares por ano. A afirmativa é do coordenador do estudo “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (TEEB)”, Pavan Sukhdev, que lançou nesta quinta-feira (9) em Curitiba a versão do estudo para políticas locais e regionais. O economista indiano afirma que a destruição de florestas, mananciais e vegetação de mangues representa, além de perdas ambientais, graves prejuízos econômicos.
O cálculo de quanto custa a perda da biodiversidade, segundo o economista, foi feito baseado no valor de serviços prestados pela natureza. Os ecossistemas oferecem ao homem serviços como o ar puro, a água doce, o ecoturismo, os produtos florestais, os alimentos e outros. Destruindo fontes de recursos naturais, a natureza deixa de prestar esses serviços e passam a ser necessárias medidas para garantir esses serviços ao homem.
O economista explica que a destruição de florestas, por exemplo, traz como conseqüência não só a extinção de espécies da fauna e da flora, como significa prejuízos para medicina e outros setores da economia. “Um recurso natural que você perde é para sempre. Por mais que se replante, muita espécie de planta e animal já foi perdida”, disse em entrevista coletiva.
Segundo Pavan, a participação brasileira específica nos cálculos da perda da diversidade biológica não está contabilizada. Mas, para o economista, o Brasil tem um papel fundamental na conservação de espécies e na preservação de serviços ambientais, já que o país abriga as principais florestas do mundo. “O Brasil é uma superpotência mundial na questão da biodiversidade, mas precisa assumir melhor o seu papel e aproveitar melhor essa questão”, afirmou.
Estudo
O TEEB para políticas locais e regionais, elaborado pelas Nações Unidas, mostra que incluir os serviços prestados pela natureza nas decisões políticas pode ajudar os governos a economizar dinheiro, criar mais empregos e melhorar a qualidade de vida da população. O estudo aponta exemplos de caminhos para alcançar uma economia verde, em que são levados em conta nas políticas públicas serviços ambientais como produção de oxigênio, regulação de temperatura, polinização e outros.
O relatório estimula tomadores de decisões locais e regionais a compreenderem o valor do capital natural na economia. Entre os exemplos de inclusão de capital natural em decisões políticas, está uma iniciativa da cidade de Curitiba que, a partir de 2005, aumentou de 1m²/capita para 52m²/capita a área verde da cidade por pessoa e melhorou a saúde e a qualidade de vida da população local.
Para o diretor do Departamento de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Bráulio Dias, presente no lançamento do estudo, a preservação das florestas brasileiras dependem de políticas governamentais, mas é preciso também que a população reduza o consumo. Segundo o diretor, as regiões Sul e Sudeste são as que mais consomem madeira da Amazônia.
“As pessoas acham que preservação é cuidar da Amazônia, mas não têm noção de que o consumo atinge diretamente isso. O grande desafio da humanidade é o consumo sustentável”, salientou. Segundo o relatório da ONU, a população das cidades, onde vive mais da metade da população mundial, é responsável pelo consumo de 70% dos recursos retirados da natureza.