Mário Coelho
O governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), desistiu de participar de uma reunião na manhã desta sexta-feira (12) com deputados distritais para discutir a sucessão do poder na capital do país.
Previsto para acontecer às 9h de hoje, o encontro teria como tema principal a prisão do governador José Roberto Arruda (sem partido). Porém, como membros da Mesa Diretora e líderes partidários começaram a discutir o pedido de intervenção federal em Brasília, Paulo Octávio considerou que sua presença na Casa poderia trazer embaraços aos distritais.
Mas outra preocupação passa pelo gabinete do vice-governador. A possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) conceder habeas corpus a Arruda – e automaticamente colocá-lo novamente na chefia do Executivo -, também é um fator de preocupação. A análise feita por assessores é que decisões tomadas por Paulo Octávio venham a se chocar com a volta do governador ao cargo. Por isso, a discussão da governabilidade neste momento foi colocada em segundo plano. O vice-governador, após esperar pelos distritais, agora já está despachando no Palácio do Buriti.
Neste momento, os distritais analisam com assessores e com o secretário de Transportes, Alberto Fraga, o pedido de intervenção federal protocolado ontem no STF pela Procuradoria Geral da República (PGR). Além disso, procuram maneiras de dar satisfações à opinião pública. A intenção é indicar os dois nomes que faltam para a CPI da Corrupção. Também discutem o destino dos oito deputados que respondem a processo por quebra de decoro parlamentar na Casa. A tentativa é de evitar a intervenção.
O pedido está nas mãos do presidente do Supremo, Gilmar Mendes. O regimento da corte determina que, em processos desse tipo, o chefe do poder Judiciário tenha a prerrogativa de analisar a intervenção. Caso seja aprovada, o presidente Lula indicará um nome para conduzir o Distrito Federal. Antes, porém, ele precisa passar pelo crivo do Congresso. Gilmar Mendes já requisitou mais informações sobre a Caixa de Pandora ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao governo do DF. A decisão, no entanto, só vai sair depois do carnaval.
Como o Congresso em Foco mostrou hoje, Paulo Octávio vai se transformar em alvo de várias frentes. A Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF) protocola nesta tarde o pedido de impeachment do vice-governador. Além disso, Paulo Octávio terá de administrar o fogo amigo vindo de seu próprio partido, o DEM. Caciques nacionais do partido jogam pesado no sentido de tentarem se desvencilhar da ideia de que têm relação com o escândalo dos panetones de Brasília.
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