Mário Coelho
O deputado Paulo Tadeu (PT), único membro oposicionista na CPI da Corrupção, entregou na tarde desta terça-feira (19) o requerimento de convocação do ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal Durval Barbosa, autor das denúncias que geraram a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, e revelaram um esquema de propina envolvendo membros do Executivo e do Legislativo. Nenhum dos quatro integrantes governistas do colegiado – o presidente Alírio Neto (PPS), o relator Raimundo Ribeiro (PSDB), e os deputados Eliana Pedrosa (DEM) e Batista das Cooperativas (PRP) – compareceram. Tadeu foi acompanhado pela líder do PT na Câmara Legislativa, Erika Kokay.
“Não comparecer é o ônus que cada parlamentar vai ter que assumir”, afirmou Paulo Tadeu, quando questionado sobre a falta dos deputados integrantes da base de Arruda. Alírio, por telefone, afirmou ao petista que estava preso em um engarrafamento em Taguatinga, região administrativa distante 19 quilômetros do Plano Piloto de Brasília. Os outros três não justificaram a ausência, apesar de terem confirmado que estariam na reunião após a sessão da CPI na semana passada. “Não fiz sem o conhecimento do presidente e dos membros da CPI. Prefiro acreditar que eles confiam em mim”, disse o petista, após ser questionado se a falta dos distritais da base era uma manobra para esvaziar a comissão.
Recebidos pelo diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, os petistas entregaram, além do requerimento de convocação de Durval, a ata de criação da CPI e as notas taquigráficas da sessão que aprovou a oitiva com o ex-secretário de Relações Institucionais do GDF. Segundo os distritais, Corrêa disse que a PF vai comunicar a convocação da comissão ao autor das denúncias do mensalão do governador José Roberto Arruda (sem partido). Além disso, a instituição vai escolher o local e garantir a segurança do depoimento. “Nossos receios são a necessidade de ambiente neutro, de segurança, controlado pela PF, e do acesso à imprensa”, disse Tadeu.
A data ainda está em aberto. De acordo com Paulo Tadeu, o diretor-geral da PF não deu uma data de quando será o depoimento. Mas ficou de responder até a próxima semana. “Durval não pode se furtar de prestar depoimento. Quando ele vai é que é a questão”, afirmou o petista. “Espero muito que ele fale. Para uma pessoa com a experiência que ele tem, pelo conjunto de denúncias que ele fez, não faz sentido que ele não seja ouvido imediatamente”, completou.
Os deputados governistas defendem, porém, que Durval só preste depoimento no fim do processo, após todos os acusados serem ouvidos. Porém, após a entrega do pedido ao diretor-geral da PF, fica ao critério da instituição a data. “A CPI tem obrigação de investigar. Primeiro, ouve o acusador, depois os acusados. Isso é um processo natural. Começar de jeito diferente é tirar o caminho natural da CPI”, completou.
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